O evento faz parte das ‘Jornadas de Retórica e Argumentação’ e visa discussões interdisciplinares

 

No dia 13 deste mês de setembro, o tema Liberdade e parresía em Cecília Meireles – das páginas da educação ao Romanceiro será debatido durante as Jornadas de Retórica e Argumentação. A palestrante é Valéria Lamego, professora do Departamento de Letras da PUC-Rio, que tem na literatura brasileira do século 20 a sua principal fonte de pesquisa. O evento ocorre na sala 312 do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Humanas (CAD 2), às 18h, e é promovido pelo Grupo de Pesquisa Retórica e Argumentação, que conta com pesquisadores da Faculdade de Letras (Fale) e Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).

As Jornadas foram iniciadas no ano de 2014 com o objetivo de reunir docentes e discentes estudiosos de retórica e análise de discurso. As palestras mensais também visam a divulgação de trabalhos desenvolvidos na UFMG, assim como os de ou instituições de ensino brasileiras e internacionais. O debate promovido durante o evento tem cunho interdisciplinar, contemplando áreas da filosofia, direito, letras, história e comunicação. Nesta edição, a liberdade de se expressar com franqueza será dsicutida a partir de uma ótica voltada para a obra de Cecília Meireles.

A palestrante, Valéria Lamego, é reconhecida como pesquisadora de Cecília Meireles desde o ano de 1996, quando publicou A farpa na lira: Cecília Meireles na Revolução de 30. Valéria também se dedica ao estudo sobre a espetacularização da literatura contemporânea e os descaminhos da leitura e do letramento no Brasil. Essas linhas de pequisa levaram-na a organizar importantes projetos, como Laboratório do Escritor (ciclo de palestras promovido de 2006 a 2010) e Múltiplos Contemporâneos: a Literatura.com, que ocorreu em 2013. A pesquisadora esteve à frente do projeto Perccursos da Leitura entre 2009 e 2010. Seu interesse pela literatura do século 20 contrbuiu para que se dedicasse à edição e publicação das obras de Lúcio Cardoso e João Cabral de Melo Neto, além de organizar A correspondência entre Monteiro Lobato e Lima Barreto, de Edgard Cavalheiro. No ano de 2010, Valéria Lamego recebeu o Prêmio Funarte de Literatura pelo romance O crime na noite.

O Grupo de Pesquisa Retória e Argumentação, responsável por essas Jornadas, é coordenado pelas professoras Maria Cecília Coelho (Presidente da Associação Latino-Americana de Retórica), que atua na Fafich, e Helcira Maria Lima (Presidente da Sociedade Brasileira de Retórica), docente da Fale.

As pessoas que estavam presentes na abertura tiveram acesso a jogos interativos

Legenda:da esquerda para a direita Letícia Mendes, Jéssica Sayão (pesquisadoras que tem seus trabalhos expostos), Ângela Vaz Leão (primeira diretora da Fale), Maria Cândida Seabra e Márcia Maria Duarte dos Santos (curadoras da exposição)
Fonte: Tâmara Martins

A abertura da exposição Línguas e Mapas aconteceu, na noite do dia 5 de setembro, em meio a uma mescla de jornais, quebra-cabeças e miniaturas. Os estudos dos topônimos, nomes escolhidos para espaços físicos por uma comunidade, é o centro dessa mostra, que continua no Centro de Memória da Faculdade de Letras (Fale) até o dia 10 de outubro.

O público que compareceu ao evento foi composto por pessoas envolvidas em diferentes áreas de pesquisa, o que demonstrou como o tema da exposição está embasado também na transdisciplinaridade. O convidado Diego Macedo, professor adjunto do Departamento de Geografia da UFMG, chamou a atenção para como essa pesquisa mantém ”uma ligação direta entre o espaço geográfico e origem dos topônimos”. Esse intercâmbio de informações, segundo Diego, “resulta em uma construção linguística” essencial para o relato da histrória desses locais.

A primeira diretora da Fale, Ângela Vaz Leão, também esteve presente na abertura. Ela apontou para como o estudo toponímico é relevante para a diversificação do léxico da Língua Portuguesa. Para Ângela, “o fato de a origem dos topônimos envolver animais e plantas faz com que a gente possa ter acesso a uma visão mais ampla de uma cultura”.

Essa capacidade de mudanças de perspectivas, promovida pela toponímia, também foi abordada por Letícia Mendes, que tem sua dissertação de mestrado, Hidronímia da região do Rio das Velhas: de Ouro Preto ao sumidouro, dentre os itens expostos. Letícia explicou que a pesquisa dos nomes de determinados lugares é uma opção para que os hábitos e costumes de uma sociedade sejam analisados profundamente.

Também estiveram presentes nesse primeiro dia de exposição, a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (POSLIN), Gláucia Muniz, o ex-diretor da Fale e fundador do Centro de Memória, Luiz Francisco Dias, Marianna Oliveira, diretora do Instituto Rock Camelo, e Adalberto Andrade, membro da Gestão de Proteção e Restauro do Insituto Estadual o Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA).

Estudos toponímicos

A toponímia é o estudo dos nomes próprios dos lugares, denominados pelos estudiosos como “topônimos”. Os detalhes sobre esses nomes estão na nota sobre a exposição Línguas e Mapas.

 
Cobertura realizada pelo Setor de Comunicação da Fale
Clara Bernardes, estudante de graduação da Faculdade de Letras

Palestrantes convidados promovem discussão sociolinguística sobre poesia hexamétrica

Legenda:detalhe de cratera de figuras vermelhas do Pintor de Berlim, que mostra Aquiles luta contra Mêmnon, observado por suas respectivas mães
Fonte: Wikipedia Commons

A importância cultural da poesia hexamétrica reside na linguagem, na métrica e nas histórias que transmitem os costumes de uma sociedade próxima de deuses com características tão semelhantes às humanas, ainda que permeadas por uma superioridade divina que garantia a perfeição desejada pelos mortais. Esse mundo, representado nos poemas de Hesíodo e de Homero, compõe o tema do II Colóquio Internacional sobre Poesia Grega Arcaica do NEAM/UFMG: Poesia Hexamétrica. O evento, que acontece nos dias 13 e 14 de setembro de 2018, é promovido pelo Núcleo de Estudos Antigos e Medievais (NEAM)/UFMG e pelo Grupo de Pesquisa Gêneros poéticos na Grécia Antiga: tradição e contexto (USP). As palestras ocorrem no auditório 2003 da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG.

Os temas abordados durante as apresentações contemplam desde a relação entre a poesia homérica e as pinturas em vasos da Ática até uma análise rítmica dos versos de Homero. Os aspectos da poesia de Hesíodo também serão debatidos desde o primeiro dia deste Colóquio.

Os convidados para ministrar as palestras compõem uma mistura de nacionalidades que demonstra a globalização originada pelo alcance cultural das narrativas contidas na poesia hexamétrica. As discussões promovidas por esses profissionais estão ligadas a estudos que extrapolam a métrica dos poemas, pois investigam a relação entre as narrativas e a estrutura social grega arcaica. Ao mesmo tempo, a recepção das narrativas épicas poderá ser analisada a partir de uma abordagem antropológica, levando o ouvinte a uma compreensão mais aprofundada a respeito dos aspectos discursivos e linguísticos que embasam essa produção poética.

Aqueles interessados em participar do Colóquio não precisam se inscrever.

Evento contará com a participação do diretor e roteirista, Luiz Carlos Lacerda

Legenda: escritor mineiro será homenageado em jornada na Fale
Fonte: Diretor e Cenógrafo brasileiro Eros Martim Gonçalves

No dia 28 de setembro de 1968 falecia, no estado do Rio de Janeiro, um dos grandes nomes da literatura brasileira, Joaquim Lúcio Cardoso, ou apenas Lúcio Cardoso. Mineiro da cidade de Curvelo, Lúcio Cardoso é considerado expoente da literatura de cunho intimista e introspectiva, da década de 1930, ao lado dos romancistas Otávio de Faria e Cornélio Pena e do poeta Vinícius de Moraes.

50 anos depois de sua morte, a Faculdade de Letras (Fale), por meio do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários (Pós-lit) e do Acervo dos Escritores Mineiros (AEM), realiza, no próximo dia 14 de setembro, a jornada Lúcio Cardoso – 50 anos depois, no auditório 1007, da Fale.

A conferência de abertura Lúcio Cardoso leitor será feita pela professora aposentada da Fale, Ruth Brandão, às 9h30. Ruth é mestre e doutora em estudos literários pela UFMG e pós-doutora pela Universidade de Paris. É autora de vários livros de ensaio, como Mulher ao pé da letra (Editora UFMG), Literatura e psicanálise (Editora UFRS) e A vida escrita (7Letras), além de livros de contos, de poesias e um romance: Para sempre amada.

Logo após a mesa de abertura serão apresentadas duas mesas, a primeira Sobre Casas Assassinadas, com a palestra do professor emérito da Fale, Wander Melo Miranda, A casa assassinada ou o paraíso perdido, a palestra do professor de Gustavo Silveira Ribeiro, Crônica da Casa Assassinada: o sentido do trágico, e a palestra O cão e o crucifixo: Lúcio Cardoso um contista moderno, de Valéria Lamego (PUC-Rio).

A segunda mesa Outros olhares... será composta pela professora e pesquisadora da Escola de Belas Artes da UFMG, Andrea Vilela, que apresentará a palestra O que olha por mim são sempre olhos de menino, e pela professora Marília Rothier Cardoso, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que apresentará a palestra Experimentos narrativos em torno do melodrama, às 14h.

 A conferência de encerramento Balanço de Lúcio Cardoso 50 anos depois será realizada pelo professor e pesquisador de literatura brasileira, poesia brasileira, edição crítica e crítica genética e textual, da Universidade de São Paulo (USP), Ésio Macedo Ribeiro, que também organizou a edição completa dos diários e da poesia de Lúcio Cardoso, às 15h20.

Todas as mesas e conferências serão mediadas pelo professor Leandro Garcia, docente de Teoria Literária da Fale e atual diretor do Acervo dos Escritores Mineiros da UFMG, que também é o organizador deste evento.

Em seguida, às 16h30, haverá a exibição do filme Introdução à Música do Sangue, do diretor brasileiro Luiz Carlos Lacerda, com base num roteiro inacabado do próprio Lúcio Cardoso. Às 18h, haverá debate com o diretor sobre a obra e a adaptação do roteiro. Luiz Carlos Lacerda, diretor e roteirista, começou no cinema em 1965 como assistente de direção de Ruy Santos. Estreou na direção com Mãos Vazias, em 1971, uma adaptação do romance homônimo de Lúcio Cardoso, em que aborda a questão da mulher na sociedade brasileira. Mas seu maior sucesso veio em 1987 com a versão para o cinema da história da grande atriz Leila Diniz que teve como título o nome de ela, interpretada por Louise Cardoso. Realizou e roteirizou cerca de 30 curtas sobre personagens da cultura brasileira como Nelson Pereira, Lucio Cardoso, Cecilia Meireles, Ernesto Nazareth, Antonio Parreiras, entre outros.

A entrada é gratuita e sem necessidade de inscrição prévia. A programação completa pode ser consultada aqui

Sobre Lúcio Cardoso

Lúcio Cardoso escreveu romances, peças, poesias e se expressou por meio das artes plásticas. Embora sua escrita costume ser associada à chamada literatura psicológica, iniciou sua carreira com dois romances de cunho sociológico, Maleita (1934) e Salgueiro (1935), com marcada mudança de rumo em Luz no Subsolo (1936). Sua literatura, a partir de então, prioriza o questionamento da condição humana e de valores como o bem e o mal, como nos romances Mãos Vazias, Inácio, Dias Perdidos e nas novelas O Enfeitiçado e Baltazar, dentre outras da década de 1940.

Sua obra-prima Crônica da Casa Assassinada (1959) é um dos livros mais cultuados da literatura brasileira, tendo sido traduzido para o francês, italiano e inglês. A literatura de Cardoso teria imenso impacto sobre a obra de Clarice Lispector, de quem foi amigo e mentor, e a qual lhe dedicou uma ligação amorosa explicitada em sua correspondência.

Ao longo das décadas de 1940 e 1950, Cardoso manteve colaboração ativa com a imprensa, escrevendo no jornal A Noite, entre outros. Essa época marcou também sua atuação mais intensa como autor teatral, com peças como Angélica, A Corda da de Prata, e O Filho Pródigo, esta última a primeira obra brasileira encenada pelo Teatro Experimental do Negro, em 1947, com Abdias do Nascimento e Ruth de Souza.

O envolvimento com o teatro abriu caminho para sua verdadeira paixão, o cinema. Em 1948, Cardoso escreveu o roteiro para o filme Almas Adversas (1949), dirigido por Leo Marten, e, no ano seguinte, escreveu e dirigiu A Mulher de Longe, longa-metragem inacabado, que foi tema do documentário do mesmo nome, realizado em 2012 por Luiz Carlos Lacerda.

Lúcio Cardoso foi, no Brasil, uma das primeiras figuras culturais de destaque a assumir sua homossexualidade. Deixou em seu Diário, escrito entre os anos de 1949 a 1958, relato bastante contundente sobre sua orientação sexual, assim como as dúvidas e culpas geradas por sua formação católica. Em 1962 teve um derrame cerebral, que paralisou o lado direito do seu corpo, impedindo-o de escrever. Passou então a se dedicar com afinco à pintura e chegou a realizar duas exposições em vida. Morreu aos 56 anos vitimado por um segundo AVC. Seu talento foi reconhecido pela Academia Brasileira de Letras, que lhe conferiu, em 1966, o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra.

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cenex    CEFALE SAEL

PÓS-GRADUAÇÃO