Semelhanças temáticas entre a negritude e o Teatro Negro serão analisadas, em diversas perspectivas

Com a proposta de apontar para a influência da cultura afro-brasileira nos diversos nichos sociais, o Encontro Negritude e Teatro Negro reunirá artistas, estudantes, professores e pesquisadores nos dias 22 e 23 de novembro, das 9h às 21h, no auditório 1007 da Faculdade de Letras (Fale). O evento, organizado pelo professor Marcos Alexandre e pela professora Elisa Belém, abordará questões relacionadas à oralidade, religião, às vivências de mulheres negras, assim como aos processos criativos que perpassam a negritude e refletem no Teatro negro.

O debate sobre a expressão das minorias sociais também está presente na pesquisas promovidas pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade (NEIA) que, juntamente com o Projeto de Extensão Literatura Afro-Brasileira em Foco, estiveram à frente da realização do Encontro. Na tentativa de compreender como as representações de gênero, etnia e cultura popular convergem-se na contemporaneidade, o universo da negritude estará no centro desse evento através de discussões embasadas pela teoria e pela prática de diversos estudiosos do tema.

Além da Fale, a comissão organizadora também recebeu apoio do Centro de Extensão da Faculdade de Letras (CENEX-Fale), do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), do Programa de Apoio Integrado a Eventos (PAIE/PROEX) e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários (Pós-Lit).

Não é necessária inscrição para participar do Encontro. Para mais informação, acesse https://goo.gl/feA7bC.

Livros de professor da Fale reúnem materiais de documentação e registro do Tenetehára

Na língua Tenetehára, os Guajajaras, que habitam, entre outras terras, o Vale do Rio Pindaré, no Maranhão, são “os donos e aqueles que carregam o cocar”. Pesquisa desenvolvida há mais de 10 anos pelo professor Fábio Bonfim, da Faculdade de Letras, em colaboração com outros pesquisadores e lideranças da própria etnia, vem ajudando esse povo a também se apropriar de sua língua, o Tenetehára, fortemente ameaçada de extinção pela pressão imposta pelo idioma português.


Os estudos resultaram nos livros Interpretação de textos e ­atividades gramaticais na língua Guajajára e Coletânea de narrativas guajajáras. “Trata-se de um apurado material de documentação e registro da língua e da literatura Tenetehára [pertencente à família linguística tupi-guarani, tronco tupi], que será de grande valia para o trabalho de educação escolar nas aldeias”, explica Fábio Bonfim.


O professor contou com a colaboração de quatro pesquisadores: as professoras Marina e Cíntia Guajajara, lideranças da aldeia Lagoa Quieta, na Terra Indígena Araribóia, o professor Quesler Fagundes Camargos, do Departamento de Educação Intercultural da Universidade Federal de Rondônia (Unir), e o pesquisador Ricardo Campos Castro, pós-doutorando em linguística na Universidade de Campinas (Unicamp).


O volume de literatura cobre aspectos da cosmologia e do imaginário do povo Guajajara e reúne estórias sobre a criação da lua, do fogo e da luz, entre outros temas do imaginário indígena. O outro volume aborda elementos da estrutura gramatical da língua e se subdivide em exercícios práticos e atividades de leitura e escrita. “Com esse material, acreditamos que os Tenetehára Guajajára terão maior controle social das relações linguísticas, interculturais, econômicas e políticas, além de acesso a instrumentos que lhes possibilitem dominar a modalidade escrita de sua língua nativa”, avalia o pesquisador.

Volume de literatura aborda cosmologia e imaginário Guajajara
Reprodução


Idas e vindas


Fábio Bonfim conta que começou a desenvolver a pesquisa em 2005, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos (Poslin), e os livros são fruto de um trabalho intenso marcado por suas viagens e de outros pesquisadores às terras indígenas, no Maranhão, e pela vinda à UFMG, no período de 2012 a 2016, de professores indígenas para a produção dos materiais no Laboratório de Línguas Indígenas e Africanas (Laliafro), durante as oficinas de revitalização linguística. Entre os professores que participaram do trabalho de supervisão dos volumes, estão Cíntia, Moisés, Luiz ­Carlos, Zezico, ­Raimundo Alves de Lima, Marcilene e Danúbia, todos da etnia Guajajara.

 

O livro contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Fundação OAK.


Dissertações, teses e artigos científicos elaborados sobre a ­língua Tenetehára estão disponíveis no site do professor Fábio Bonfim e no portal do Laboratório de Línguas Africanas da Fale.
Obras: Interpretação de textos e atividades gramaticais na língua Guajajára e Coletânea de narrativas guajajáras


Coordenação: Fábio Bonfim Duarte
Organização: Cíntia e Marina Guajajara, Quesler Fagundes Camargos e Ricardo Campos Castro
Diagramação: Sília Moan
Edição: Fale/UFMG
Acesso: Os interessados podem enviar mensagem ao professor Fábio Bonfim (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.) solicitando os volumes em formato pdf


(Matéria publicada no Boletim UFMG, dia 05 de novembro, por Isabella Lisboa)
Acesse a matéria aqui: https://ufmg.br/comunicacao/publicacoes/boletim/edicao/2039/os-donos-do-cocar-e-da-lingua

Palestrante falará sobre a rotina dos tradutores, abordando diferente campos da atividade 

Com o objetivo de analisar os aspectos linguísticos e culturais referentes à atividade da tradução, a edição do Letras Debate deste mês de outubro traz a professora Patrizia Bastianetto para elucidar o tema A tradução interlinguística oral e escrita. O evento ocorre dia 27 de outubro no auditório 1007 da Faculdade de Letras (Fale), no período entre às 10h e 12h.

Buscando disponibilizar uma visão completa da rotina de um tradutor, a palestrante abordará as técnicas utilizadas pelos profissionais para se manterem fiéis à cultura por trás daquele idioma a ser traduzido. Essa postura é importante para os diversos tipos de tradução, como as orais consecutiva e simultânea, ou a tradução escrita, que pode ser de natureza técnica, literária, além de incluir a legendagem de filmes.

As diferenças entre esses nichos  serão apontadas por Patrizia Bastianetto, que foi professora de tradução na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No entanto, também estarão em pauta as características em comum entre essas modalidades, voltando o olhar dos presentes para o que os organizadores do Letras Debate chamam de “a busca pela legibilidade”, ou seja, a capacidade de repassar uma mensagem para outro idioma da maneira “mais clara e natural possível”.

Outro ponto que será explicado pela professora refere-se às dificuldades enfrentadas pelos tradutores ao se depararem com jogos de palavras e referências culturais. Essa discussão será embasada pelo apontamento de recursos utilizados pelos tradutores, como a pesquisa lexical.

 O evento

O Letras Debate é um evento acadêmico organizado pelo Colegiado de Graduação da Fale para complementar a formação acadêmica dos estudantes de Letras. Composto por palestras, mesas redondas, seminários e workshops, o evento busca a integralização do currículo e cria condições para os alunos do turno noturno alcançarem a quantidade de créditos necessários para conclusão do curso.

Os interessados em participar desta apresentação ganham crédito para integralizar como Atividades Acadêmico Científico Culturais (AACC). Para realizar a inscrição, é necessário acessar o site do evento. É garantida entrega de certificado apenas para aqueles que assinarem a lista de presença até às 10h30 e assistirem a palestra até o encerramento. Os ouvintes que se adequarem aos pré-requisitos podem solicitar, em até 5 dias úteis, os certificados na página do Letras Debate através do cadastramento do número do CPF. As inscrições ficam abertas até o dia do evento ou até acabarem as vagas. 

Para mais informações, é possível enviar e-mail para O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

O livro está disponível na plataforma da Amazon, em formato kindle

A estudante de graduação, da Faculdade de Letras, Isadora Urbano, acaba de lançar seu primeiro romance Outros Estranhos, pela Amazon. Urbano que está concluindo o curso de Bacharelado em Estudos Literários, é autora do livro infanto-juvenil Selvagem, publicado em 2015, pela Editora UFV, premiado com o 3º lugar no 4º Concurso Viçosense de Literatura Infantil.

A autora teve como inspiração para a nova obra uma disciplina ofertada na Fale. Outros, Estranhos  narra em estrutura sincopada os conflitos próprios do seu tempo, levando ao exame de diversos aspectos da literatura e da vida contemporânea, a partir dos conflitos sociais, amorosos e identitários de personagens que encaram de formas distintas o desafio da cidade e da vida moderna, com toda a sua desordem, seu brilho, sua complexidade.

Confira a entrevista pingue-pongue com a jovem escritora sobre seu novo livro.

 

 

Me conta, Isadora, como você teve a ideia de escrever o livro? No semestre retrasado, se eu não me engano, eu fiz a disciplina Vertentes da Literatura Contemporânea Brasileira, com a professora Maria Zilda, e eu fiquei com aquelas questões na cabeça, a questão do estrangeiro, da fragmentação, dos trânsitos, do lugar do feminino, dessas vertentes marginalizadas, e eu já tinha o projeto de escrever um outro livro, que ainda não foi publicado e ele é mais experimental, depois resolvi trabalhar nesse.

A minha primeira proposta, como eu estava um pouco sem inspirações, inicialmente, pensei em fazer várias histórias, mas todas entrecortadas. Então se você olhar a estrutura dos capítulos, que vai do um até o oito, depois volta no capítulo um. E esse foi um dos desafios que eu mesma me impus, trabalhar dessa forma.

Inclusive eu ainda não tentei ler, saltando os capítulos, para ler continuamente. Por exemplo, ler o capítulo um inteiro, depois o dois inteiro, ainda não tentei, mas imagino que seja uma outra possibilidade.

 

E é o primeiro livro? Eu publiquei já um livro infantil, em 2015, pela UFV [Universidade Federal de Viçosa], e é o primeiro romance que eu publico, mas tem um outro escrito que ainda não foi publicado.

 

No Centro de Memória, existe um projeto que está começando a ser desenvolvido sobre os ex-alunos escritores da Faculdade de Letras. É muito comum a gente ouvir que a Fale não é um bom lugar para quem quer escrever. E você, ainda aluna, está escrevendo e publicando, o que você acha disso? A Faculdade contribuiu para a sua escrita? Eu acho que aqui não tem muitas disciplinas que sejam voltadas para o ofício da escrita, mas a gente reflete muito sobre isso. Sobre disciplinas, por exemplo, eu fiz uma de escrita criativa, mas foi escrita dramatúrgica, com a professora Elen de Medeiros, e que foi muito produtiva. Embora eu tenho que dizer que eu sou um fiasco com dramaturgia.

Enfim, eu acho que aqui na Faculdade poderíamos ter mais “laboratórios de escrita”, ou algo desse tipo, mas acredito que de toda a forma essas reflexões que a gente faz, a respeito de quem está escrevendo, mesmo que não seja daqui de dentro, contribui bastante para o nosso trabalho.

 

Entendo, mas pensando que o próprio livro surgiu a partir de uma disciplina… Com certeza, eu acho que a gente quando não trabalha com isso dentro da Faculdade, perde muito da problematização, qual que é a função de uma literatura hoje, por mais que exista aquela falácia de “ah, a arte não tem função, não é uma possibilidade”, mas existem sim as funções de memória, de reflexão, especialmente no período que estamos vivendo…

Essa disciplina da Maria Zilda foi fundamental, porque eu, realmente, escrevi pensando muito no que a gente viu lá, em todas essas possibilidades e novas formas. Nós trabalhamos com os conteúdos, às vezes, vamos para o lado dos estudos culturais, mas me salta muito aos olhos essas possibilidades de como fazer isso esteticamente. Trabalhar essas temáticas todas sem perder a relação com a forma, o que é sempre um desafio.  

 

Agora voltando um pouco mais no livro… O que as pessoas vão encontrar nele? Olha, são nove personagens principais ou algo assim. São três histórias principais, que acabam se ligando, mas não muito. Então, nós temos três personagens femininas, protagonistas, que de fato fazem essa liga da história, a Íris, que é uma filha de imigrantes, estudante; a Larissa, médica que já é mãe; e a Elis, que é uma psicóloga e atende as duas outras personagens.

Essas três personagens tem esses pontos de contato, por serem pacientes da mesma pessoa, Íris e Larissa se conhecem por terem sido vizinhas, mas não vem ao caso a relação entre elas. No livro, de fato, isso não é fundamental, o fundamental alí é como essas pessoas estão lidando com seus problemas, pequenos problemas, pequenas angústias, no cotidiano da cidade. Então, o caso da Íris, por exemplo, ela reflete muito a respeito dessa condição de filha de imigrantes, porque ela cresce em Belo Horizonte, para ela, ela é brasileira.

Com a Larissa eu tentei trazer o lado mais político, um conflito familiar que leva para esse outro âmbito. O pai dela é um militar e ela entra em conflito com ele pensando se o pai seria uma pessoa “do bem”. Sempre tentando trazer também pontos que trabalham o fato de essa pessoa teve opiniões e posicionamentos políticos péssimos, mas agora é um senhor idoso, avô do filho dela e como isso vai se encontrar ali dentro.

A Elis, viúva, que lida com a profissão e com a filha que se fecha muito e a culpa pela morte do pai. O que gera uma frustração nela pela profissão e pela relação com a filha. Acho que são três grandes pontos.

 

 O livro está disponível na plataforma da Amazon, por R$ 9,99, em formato kindle. Para comprar, basta acessar o site disponível aqui.

Eventos oferecem espaço para estudantes apresentarem seus trabalhos, que abordam desde a criação de fanfics até a resistência presente nas narrativas afro-brasileiras

 

Fonte: ALLAN RICHNER/Divulgação ITAÚ CULTURAL.

Entre os dias 22 e 26 de outubro, a Faculdade de Letras (Fale) será palco de mais uma edição da Semana de Letras e da Semana de Pesquisa Discente do Programa de Pós-Graduação e Letras: Estudos Literários (Split). Os eventos foram organizados, respectivamente, pela gestão Heridas, do Diretório Acadêmico da Fale, e pela representação discente do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários (Pós-Lit), visando o diálogo e a reflexão acadêmica através da exposição dos trabalhos dos estudantes.

Para a IX Semana da Letras e o VII Split, foi eleito o tema Perspectivas, propostas e desafios para os estudantes de Letras perante a política contemporânea. A escolha de convidados como Conceição Evaristo e Oswaldo de Camargo faz jus à temática deste ano, na medida em que promove a palestra de escritores que oferecem uma visão crítica da sociedade.

 

Programação

Os eventos são compostos por mais de 70 atividades. Dentre os escritores que terão suas obras analisadas durante a Semana da Letras e o Split, estão Machado de Assis, Ana Luísa Amaral,  João Ubaldo Ribeiro, Graciliano Ramos, Ítalo Calvino, Gloria Anzaldúa e Oswald de Andrade. Para além do debate sobre a construção textual dos autores citados, as apresentações dos discentes abordarão temas contemporâneos relacionados ao universo polifônico e colaborativo em que são produzidas as fanfics e O meme como movimento antropofágico dos jovens no século XXI.

O papel da mulher, como um grupo de minoria social, também estará sob análise durante a apresentação Corpo-escrita de mulheres: violência, memória e trauma. Seguindo a proposta, será adotado um olhar mais crítico a respeito da sociedade e  as condições em que ocorrem o ensino para pessoas inseridas no sistema prisional .

Temáticas envolvendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras) serão discutidas em diversos momentos, como em A ação construída em Libras conforme a Linguística Cognitiva e Os visemas na Libras: gramaticalização de uma estratégia comunicativa.

A professora Angela Carrato estará presente para falar a respeito da influência da mídia durante as eleições deste ano. Essa mesma linha de pesquisa estará presente em A contramemória e sua relação com a conjuntura política.

As vivências da comunidade afro-brasileira serão amplamente analisadas através de palestras que abordam a narrativa literária dos escravos, as notícias sobre sujeitos negros e as Faces de uma Literatura de Resistência, sendo que esse último tema será ministrado por Oswaldo de Camargo. A autora Conceição Evaristo também dará uma palestra, no mesmo dia em ocorrerá a Intervenção Preta Poeta. 

Para mais informações, acesse o site oficial do evento.

 

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cenex    CEFALE SAEL

PÓS-GRADUAÇÃO