O trabalho será apresentado durante disciplina ministrada professora Luciane Corrêa Ferreira
Legenda: estudante Dinah Therrier
Foto: Arquivo Pessoal
Imigração de mulheres haitianas em Belo Horizonte/Brasil: identidades femininas, relatos de si e autonomia é o título do artigo publicado pela estudante de graduação Dina Therrier, na Revista Panorama, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), em agosto de 2017.
O estudo, que foi orientado pela professora Ângela Marques, do curso de Comunicação Social, será apresentado no quadro da disciplina Estudos Temáticos em Linguística Aplicada: PLE/Português como Língua de Acolhimento, ministrada pela professora Luciane Corrêa Ferreira, da Faculdade de Letras (Fale). No trabalho, foram mostradas, através das entrevistas, como mulheres haitianas imigrantes compreendem seu cotidiano e o trabalho que realizam no Brasil e as relações sociais que condicionam esse trabalho e constrangem sua ação, auto-realização e autonomia.
Além disso, ganharam destaque o esforço dessas mulheres em conferir sentido à sua trajetória migratória e diaspórica, em reorganizar a narrativa da vida e de seu cotidiano, a invenção comunicacional e relacional de novas formas de existir, questionando o preconceito, a desvalorização e a falta de reconhecimento de suas capacidades e contribuições.
De acordo com a estudante, a escolha se deu a partir da vontade que sentia em “pesquisar esse tema, porque queria mesmo era trabalhar com mulheres por eu ser mulher, negra e estrangeira. Além de abordar os pontos da visualização midiática sobre o assunto, que está muito generalizado”, afirma.
Ela continua: “Tenho percebido, e elas [as haitianas que foram entrevistadas] me relataram, que não têm um espaço, um lugar de visibilidade e, na mídia, o termo imigrante é muito generalizado. Por isso quis trabalhar o tema, para que quando alguém fosse ler o meu trabalho tivesse uma noção de que além de nós haitianos, mulheres haitianas, estarmos na faculdade, estamos, assim como outras pessoas, reconstruindo a vida na grande BH.“
Relatando sonhos
Dina Therrier explica que o trabalho foi desenvolvido a partir de entrevistas semi estruturadas, e teve uma abordagem de apresentação de alguns objetos que as haitianas considerassem importantes, que tivessem grande afeto, para que assim pudessem ficar à vontade para falarem sobre si e seus sonhos: “Tive muitas dificuldades para encontrar quem quisesse e pudesse me dar entrevista, pois eu não conhecia quase ninguém que era imigrante haitiana para contar as suas histórias. Não foi nada fácil. Só consegui fazer com cinco pessoas, mas fiz com muita dedicação”.
Quando perguntada sobre a vontade em dar seguimento no trabalho, Therrier reafirma esse desejo: “Me permitiu ter outra visão, tanto do curso quanto da minha experiência aqui no Brasil”.
No dia 04 de abril, às 19h, Dina Therrier apresentará os resultados do estudo na sala 3009, da Fale. A entrada é gratuita e sem necessidade de inscrição prévia. Para acessar o artigo completo, basta acessar o site da revista.
Brasil e Haiti
Em 2010, a entrada dos haitianos, no Brasil, via Tabatinga, no Amazonas, começou a ser notada, logo após o terremoto que estremeceu violentamente o Haiti, e em particular a capital, Porto Príncipe. A catástrofe provocou a morte de mais de 150 mil pessoas.
De acordo com dados do IBGE, em 1940, viviam no Brasil 16 haitianos; em 1980, 127; em 2000, 15. Atualmente, cerca de 50 a 100 haitianos entram, por dia, no país.