Fala ao pé do trono

- Salve D. Manuel

o Negreiro

Senhor da Vida e da Morte

Senhor do corpo negro

da Etiópia

- Salve

servo das parcas

Novo Herodes Venturoso

salvador das almas

negras

(livres pela morte)

que Deus deixava presas pela carne

pequena coisa

à luz da Eternidade!

- Salve Rei redentor

das almas

inimigas da Cruz

estava escrito:

a escravidão

garante a salvação

dos infiéis

e não de nós

que cremos que podeis

Senhor!

 

Vosso juízo

se revela

no tronco e no chicote

no ferro das argolas:

todos aos grilhões

e ao trabalho

em nome do Senhor

digno e justo.

 

- Para sempre seja louvado.

(Dionísio Esfacelado, 1984, p. 47)


LIVROS E LIVROS

Ficção

Vagner Amaro (Org.) - Olhos de azeviche: dez escritoras negras que estão renovando a literatura brasileira
Sempre tento entender o porquê, de uma literatura nacional ter orgulho de ser uma literatura para poucos, quase uma sociedade secreta, deixando de fora a pluralidade de vozes e da diversidade cultural que compõe o mosaico brasileiro. É bem verdade que um dos motivos é a manutenção das “castas brasileiras”, onde poder econômico e habilidade literária se fundem, formando o “brinquedo” literatura brasileira, que já sai do forno como “clássico”, como bem sinalizou Flávio Khote em sua trilogia sobre o Cânone Literário Brasileiro. Mas a ins...

Poesia

Paulo Colina - Poesia Reunida
    A Ciclo Contínuo Editorial lança a obra poética de Paulo Colina em cuidadosa edição de Paulo Colina – Poesia Reunida (2020), com edição de Eunice Souza e Marciano Ventura, apresentação de Oswaldo de Camargo, posfácio de Ricardo Riso, ensaio fotográfico de Mario Espinoza e uma biobibliografia do autor. O escritor Paulo Colina (1950-1999) foi um dos mais ativos literatos negro-brasileiros da geração surgida com a série Cadernos Negros em 1978. Publicou em Cadernos Negros 2 e 3, foi cofundador do coletivo Quilombhoje Literatura em 1980, organi...

Ensaio

Dawn Duke - A escritora afro-brasileira
A escritora afro-brasileira: ativismo e arte literária (Belo Horizonte: Nandyala, 2016) é o mais recente livro organizado por Dawn Duke, Professora Associada de Espanhol e Português no Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras Modernas da Universidade de Tennessee (Knoxville). Duke é especialista em Literaturas Afro-latino-americanas e em Estudos Culturais. Escreveu também Literary passion: ideological commitment toward a legacy of women writers (2008), além de diversos artigos sobre etnicidade, g...

Infantojuvenil

Mel Adun - A Lua cheia de vento
O primeiro contato da criança com um texto geralmente é por meio das histórias contadas oralmente, sejam por familiares ou outros sujeitos participantes desse processo pedagógico. Este é o início da aprendizagem, compreensão e consolidação de valores caros à formação do pequeno leitor e de seu letramento literário, visto que “é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes como: a tristeza, a raiva, a irritação, o medo, a alegria [...]” (ABRAMOVICH, 1989, p. 17). Sabemos que...

Memória

Júlio Ludemir (Org.) - Carolinas: a nova geração de escritoras negras brasileirasCarolina, Carolinas, e um futuro que se abre Fernanda Rodrigues de Miranda* Carolina Maria de Jesus é um signo. Uma mulher preta insubmissa. Altaneira. Um caminho luminoso que se abriu na mata fechada. Uma clareira. Uma revolução. Sabe dela quem sabe das bifurcações de cada gesto, quem sabe dos desafios de si, quem colhe vento de mudança porque antes lutou pelas mudas de ousadia. Carolina é uma estrada. Sua grande marca na literatura é aquela que sinaliza a nossa cor, a nossa cara, a nossa resistência, a nossa herança. De tudo que ela nos deixou, ficou principalmente o sim, eu escrevo.  “– ...

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