literafro novidades n. 53 – dezembro de 2023

 

Neste número 53 do literafro novidades, o leitor terá acesso a um editorial composto de 10 resenhas sobre variados gêneros no âmbito da literatura afro-brasileira. Há muitas razões para celebrar, pois já se passaram 10 anos da nossa primeira edição, lançada trimestralmente desde 2013. Em 2024, esse projeto continuará ainda mais potente: iremos comemorar os 20 anos do Portal literafro, projeto vinculado à Faculdade de Letras da UFMG, acessado diariamente por leitores, pesquisadores e colaboradores. Em todos esses anos, criamos um arquivo em rede, um compósito de documentos, livros e textos à disposição de quem deseja pesquisar, estudar e conhecer os nossos escritores. Consagramos a atual edição a Antônio Bispo dos Santos (Nêgo Bispo), que dedicou uma vida ao pensamento, às experiências e às práticas quilombolas e que muito nos ensina sobre o gesto de compartilhar, sobre a terra e a ancestralidade: “o compartilhamento é uma coisa que rende” (SANTOS, 2023, p. 19).

Iniciamos, então, com o ensaio A terra dá, a terra quer, de Antônio Bispo dos Santos, e com a reedição do Escrevivências: identidade, gênero e violência na obra de Conceição Evaristo, organizado por Constância Lima Duarte, Cristiane Côrtes e Maria do Rosário Alves Pereira. Na seção memória, têm-se Submundo: cadernos de um penitenciário, de Abdias Nascimento, e Firmina, de Anita Machado. A poesia surge, na sequência, com Desforra: [poesia desunida 1988-2023], de Anelito de Oliveira; Uma mulher só não faz verão, de Daniele Rezende (semifinalista do Prêmio Oceanos de 2023); Terra sob as unhas, de Júlia Elisa, e Caminho de volta para casa, de Iza Reis. Já na ficção, seguem Mata doce, de Luciany Aparecida, e Reflexos, de Ariele Santos.

Deixamos aqui nossos agradecimentos aos colaboradores deste número e aos leitores que nos acompanham nessa trajetória. Ótima leitura!

 

 

ANTÔNIO BISPO DOS SANTOS

Pensador, professor, poeta, ativista político contracolonial, Nêgo Bispo como é mais comumente conhecido – faleceu recentemente, deixando ao povo brasileiro e às comunidades quilombolas um repertório vasto, crítico, em torno de terras e de sociedades de fato democráticas. Seu pensamento volta-se para os movimentos sociais de luta pela terra: um direito de quem nela está. A terra dá, a terra quer (UBU, 2023) recebe a leitura da professora Érica Luciana Silva, que destaca os aspectos centrais circunscritos à filosofia desse auto

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CONSTÂNCIA L. DUARTE, CRISTIANE CÔRTES E MARIA DO ROSÁRIO A. PEREIRA

Nesta nova edição – ainda em pré-venda – de Escrevivências: identidade, gênero e violência na obra de Conceição Evaristo (Malê, 2023), Constância L. Duarte, Cristiane Côrtes e Maria do Rosário Pereira atualizam e ampliam os artigos da edição anterior, alguns deles oriundos de eventos promovidos na UFMG, como o Colóquio Mulheres em Letras, e outros trabalhos mais recentes. No livro, as autoras apresentam a potência dessa voz feminina central para as letras contemporâneas.

 

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ABDIAS NASCIMENTO

Livro produzido no cárcere, Submundo: cadernos de um penitenciário (Zahar, 2023), de Abdias Nascimento, é um livro de testemunho que nos propõe também a tarefa de pensar o sistema penitenciário brasileiro: “fundado nos úteros de suas prisões, umbilicalmente ligadas aos navios negreiros”. É esse o ponto de vista da professora e pesquisadora Denise Carrascosa, que nos apresenta o caderno.

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ANITA MACHADO

Reeditada e reescrita com frequência, Maria Firmina dos Reis é referência quando se trata de literatura feminina no séc. XIX. Primeira escritora abolicionista, ela produziu suas obras num contexto assinalado pelo racismo e pela violência de gênero. Anita Machado, em Firmina, recompõe as vivências da autora, por meio de uma linguagem leve, voltada principalmente para o público infantojuvenil. O livro conta com ilustrações de Eduardo Vetillo e recebe a leitura da professora Régia Agostinho.

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ANELITO DE OLIVEIRA

Poeta fundamental da literatura brasileira, Anelito de Oliveira propõe, em Desforra: [poesia desunida: 1988-2023], o conjunto de sua produção poética. O autor recebe a leitura cuidadosa do jornalista e também poeta Marcos Fabrício da Silva, que busca delinear o projeto estético e político nos escritos desse autor, que prima pela inventividade, pelo apuro formal, mas sem deixar de se ater às questões que envolvem as identidades negras.

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DANIELA REZENDE

Semifinalista do Prêmio Oceanos de 2023, Daniela Rezende, em Uma mulher só não faz verão (Urutau, 2022), aponta a lógica patriarcal nos próprios procedimentos formais que emprega em sua escrita, como se pode notar, por exemplo, nas estruturas de repetição (refrãos) que contribuem ainda para a modulação do ritmo em sua poesia. A autora se vale de metáforas e de outras analogias com animais para evidenciar a violência sistêmica e diversa contra a mulher. Essa é a leitura da pesquisadora Lara Carvalho Cipriano.

 

 

 

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JÚLIA ELISA

Em Terra sob as unhas (Impressões de Minas, 2023), Júlia Elisa produz uma escrita atenta ao corpo negro feminino, à terra-solo – chão arenoso, argiloso e preto – à insuficiência da linguagem, diante de um cotidiano impositivo para muitos sujeitos negros. Conforme aponta a leitura do pesquisador Kelvin Silva: “o trabalho editorial do livro é impecável ao se comunicar com uma das temáticas da obra, que é a terra, desde as letras em cor terrosa, até a divisão dos poemas.”

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IZA REIS

Caminho de volta pra casa (Venas Abiertas, 2023) é o livro de estreia de Iza Reis na poesia. Os poemas apresentam aos leitores a voz de quem, em seus versos, aborda questões sobre o amor, os orixás, além de temáticas relacionadas à ancestralidade e ao corpo feminino. A pesquisadora Mikaella da Silva nos apresenta a produção dessa autora, cuja escrita é marcada ainda pela dicção do slam.

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LUCIANY APARECIDA

Escritora já conhecida por outros projetos no âmbito da poesia, da dramaturgia, do roteiro, entre outros, Luciany Aparecida lança agora o romance Mata Doce (Alfaguara, 2023), numa bela narrativa assinalada por conflitos de terra, mortes e tragédias. Como escreve a pesquisadora Loiany Gomes: “a narrativa de Mata Doce reafirma a intencionalidade da obra de lançar luz sobre a expressividade e a subjetividade de indivíduos marginalizados pela cor da pele, pelas crenças, pela visão de mundo”.

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ARIELE S. SANTOS

Livro de estreia da jovem escritora mineira Ariele Santos, Reflexos (Penalux, 2023) é composto de narrativas curtas que perpassam o cotidiano, as experiências, os afetos, as relações familiares, muitas das quais movidas pelo princípio filosófico bantu “Ubuntu”. Essa filosofia nos indica modos de conceber e pensar a humanidade a partir de um vir a ser, de um movimento relacional. A pesquisadora Giovanna Soalheiro é quem realiza a leitura do livro.

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