Jungla

Jungla, morena flor de estranha selva bruta.

Todo o frondoso bosque estremece e palpita,

Quando, em franca nudez, deixando a imensa gruta,

Mostras da aurora à luz toda a graça infinita.

 

Vai pela mata um cheiro intenso que disputa

À mais formosa flor o perfume que incita.

E a tua doce voz, ao longe então se escuta,

Nesse odor que a vibrar no claro espaço grita.

 

Deusa de um grande amor. O teu olhar fascina.

O teu corpo de jambo, ardente e perfumado.

É um mármore pagão que tenta e que assassina.

 

Jungla dos corações. Tu provocas o ciúme.

Sedutora e gentil, soberba e desejada,

Myrurgia pôs teu nome em mágico perfume!

(Aloísio Resende, p. 82.)

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