Eu, mulher negra, resisto

escrita
paixão se revelando
paixão nas mãos

minha face meio pedra
a perda não foi perder

pedras horas mortas 

dor nos olhos
e no cansaço
ternura na minha mão
resiste 

o silêncio que corri
os nomes que escrevi
na pele brusca do medo 

quantas vezes tropecei

(Eu, mulher negra, resisto, p. 70.)

 

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LIVROS E LIVROS

Ficção

Jeferson Tenório - O beijo na parede
Jovem carioca radicado em Porto Alegre, Jeferson Tenório tem se revelado um ficcionista de grande fôlego. Desde 2008, quando teve seu conto “Cavalos não choram” contemplado no “Concurso Paulo Leminski”, apresenta uma trajetória de premiações que abrem caminho para o reconhecimento cada vez maior de seus escritos. Publicado em 2013 em Porto Alegre e vencedor do prêmio de “Livro do Ano” da Associação Gaúcha dos Escritores, O beijo na parede, já em terceira edição, é um romance que chama a atenção pela forma com que arrebata a ...

Poesia

Jarid Arraes - Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis
A obra Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, de Jarid Arraes, publicada em 2017, traz à luz as histórias destas representantes negras que a historiografia brasileira corrente colocou no esquecimento. Este ato é bastante recorrente em nosso país, pois quer demonstrar que estar à margem e lutar por seus direitos é vergonhoso. Mas em Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, a autora abarca momentos distintos da história do Brasil em que estas mulheres estiveram ocultadas...

Ensaio

Luana Tolentino - Sobrevivendo ao Racismo
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Infantojuvenil

Nilma Lino Gomes - Olhares sobre Betina
Uma das ponderações mais relevantes do discurso feminista diz respeito ao que propõe Virginia Woolf em Um teto todo seu. A autora vai tecendo, frase a frase, um modo de expor à mulher, e a quem mais possa interessar, sobre a importância e a força da palavra escrita: “Não há marcas na parede para determinar a altura precisa das mulheres”. (WOOLF, 2014, p. 123). Plataforma ou simplesmente slogan político, a frase encerra uma certeza que resistiu ao passar dos séculos: o poder da mulher. Embora ao precisar essa e outras reflexões Woolf tenha se di...

Memória

Clarice Fortunato – Da vida nas ruas ao teto dos livrosMistérios de uma nova Clarice   Simone Pereira Schmidt* A poderosa escrita de Clarice me atingiu em cheio. Lembro-me perfeitamente da noite em que seu texto me chegou de Exeter, na Inglaterra, onde ela estava realizando parte do seu doutorado. Quando comecei a ler sua história, fui sendo tomada pela surpresa e emoção. Nos conhecíamos havia muitos anos; como pode uma pessoa com quem convivemos há tanto tempo desvelar diante de nós, assim de repente, a narrativa de uma vida de que sequer suspeitávamos? Minha primeira lembrança de Clarice são seus olhos, inquietos, curiosos, assustados. Se me ...

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