Discurso do crítico literário

Apenas a ferina

boêmia citadina

e o discurso terso

de Lima Barreto

a argúcia, o estilo, a ironia fma

o humor

de Machado (o bom Joaquim Maria)

a essência amara

do grande negro

de Santa Catarina

em versos da mais bela branquidade

portais do espaço da modernidade

e mais tarde

a voz crioula

a eclodir no verso

branco

do inventor de Orfeu

Jorge de Lima

e a passar de raspão

na construção

do herói Macunaíma

uma ou outra palavra mais ligeira

tingem de leve

a morenice da musa brasileira.

 

(Nas tensões do lirismo coletivo

ou individualista

a negritude

tradição ou

ruptura

não tem lugar

nessa literatura).

(Dionísio Esfacelado, 1984, p. 9-13).


LIVROS E LIVROS

Ficção

Luciany Aparecida – Mata doce
Mata Doce é o primeiro romance de Luciany Aparecida. Lançada em 2023, pela editora Alfaguara, a obra percorre a trajetória de Maria Teresa, ou Filinha Mata-Boi, com suas mães adotivas, a professora Mariinha e a travesti Tuninha, em um casarão no vilarejo de Mata Doce, no sertão baiano. A narrativa, perpassada por conflitos de terra, mortes e tragédias, faz prevalecer a resistência das mulheres negras como via de “enfrentamento e valentia” (p. 108). Luciany Aparecida também escreve contos, poesia, dramaturg...

Poesia

Elizandra Souza, Iara Moraes (Orgs.). Literatura negra feminina: poemas de sobre(vivência).
Há um mapa ancestral na minha cabeçacom avenidas, ruas, trilhas, becos e vielasEstradas sem-fins com mil andançasdas pretas velhas que vieram antesdas pretas novas que acabaram de passardos espíritos inquietos que não descansam Há tempos todos os dias, as ancestraisEstão a me guiar Elizandra Souza2021           Não há exagero no título desta resenha. Vejam: apenas em 2021 foram publicadas precisamente cinco antologias contendo a produção literária de escritoras negras! Um fato tão relevante como revelador. E neste ...

Ensaio

Luiz Henrique Oliveira / Fabiane Cristiane Rodrigues – Trajetórias editoriais da literatura de autoria negra brasileira
  Mesquinho e humilde livro é este que vos apresento, leitor. Sei qude passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofador de outros, e ainda assim o dou a lume.   Maria Firmina dos Reis 1859     As palavras em epígrafe, oriundas da primeira romancista negra da língua portuguesa, remetem a tempos e mentalidades marcadas pelo preconceito em que se fundamentou a opressão de gênero também no campo da literatura. Situação esta agravada pela desumanização decorrente de séculos vividos sob o taco da chibata senh...

Infantojuvenil

Sandra Menezes – O céu entre mundos
Que mundos são possíveis para nós, pessoas negras? Quais tecnologias – científicas, artísticas, espirituais – permitirão que continuemos vivos e vivas? São perguntas assim que movem a escrita futurista elaborada por e para pessoas negras. A narrativa que habita este volume nasce desse estímulo de fabulação que é, ao mesmo tempo ato de resistência. A escrita de autoria negra é uma ponte entre mundos da memória e do futuro, a ficção recria um passado não-registrado e proporciona novos horizontes que talvez ainda não possam ser vistos, mas que po...

Memória

Coletivo Narrativas Negras – Narrativas negras: biografias ilustradas de mulheres pretas brasileirasContra o memoricídio   Cátia Maringolo*   Gotas Mesmo que eu não saiba falar a língua dos anjos e dos homens a chuva e o vento purificam a terra Mesmo que eu não saiba falar a língua dos anjos e dos homens Orixás iluminam e refletem-me derramando gotas iluminadas de Axé no meu Ori Miriam Alves 2011 Com a certeza de que Orixás nos iluminam e nos refletem (nas histórias e vidas das mulheres negras aqui presentes) derramando gotas iluminadas de Axé em nosso Ori, seguimos, juntas!    A história das mulheres negras no Brasil, na grande maioria das vezes, reverbera processos contínuos de invisibi...

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