Maria

Ou

A versão feminina do tempo que emana

E agora Maria?
Que acordou cedo,
Já fez o café,
Ouviu no rádio
Transporte não tem.
No trabalho atrasada,
Mandam voltar.
E agora Maria?
Cadê o metrô?
De greve entrou,
Carro não tem,
Nem dinheiro também,
Pra pagar o táxi Maria.
E agora?
Se você voltasse,
À cama ninasse,
Mas você não volta Maria,
Você é dura.
Mulher de labuta,
Não deixa por menos,
faz e acontece,
Mas sem transporte?
E caso não vá,
Amanhã há outra,
Em seu lugar.
E sua atitude,
Onde é que ela está?
Onde Maria?
Não chega o marido,
Madrugada se finda,
Dormem os filhos,
E o trabalho Maria?
Por causa da greve
Tudo acabou?
Você é forte mulher,
Dá-se um jeito
Corre atrás,
Mas puta que pariu...
Correr pra onde?

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LIVROS E LIVROS

Ficção

Eliane Marques - Louças de Família
Romance-rapsódia, definição de bolso para Louças de Família. Carência de unidade formal, no entanto, não pode ser aplicada à obra. A estrutura aberta a variados ritmos e processos de composição que envolvem tanto o capricho intertextual quanto o improviso paródico constituem a determinação de sua ficcionalidade. Na rapsódia a descontinuidade sabe antes a uma conquista do que a um cochilo no jogo narrativo. As referências factuais e biográficas da autora empírica são mencionadas lateralmente, a “cidade entre nome de santa nome d...

Poesia

Edmilson de Almeida Pereira - Poesia + (antologia 1985 - 2019)
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Ensaio

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Infantojuvenil

Patrícia Santana – Um dia feliz
Em janeiro de 2023, completaram-se 20 anos da Lei Federal n.º 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da História e da Cultura Africana e Afro-brasileira em instituições de ensino públicas e privadas do país. Fruto das reivindicações do Movimento Social Negro, ainda que as desigualdades educacionais em decorrência do racismo sejam latentes, é imperioso notar que a referida lei tem impulsionado uma série de mudanças não só nas escolas, mas em vários setores da sociedade.  O mercado editorial de livros infantis é parte dessa mudança. ...

Memória

Éle Semog e Abdias Nascimento - O griot e as muralhasHistória de um pan-africanista  Rafaela Pereira*   Neste ano de 2014, comemora-se o centenário de alguém que dedicou sua vida à promoção da cultura afro-brasileira e à luta pela cidadania plena para a população afrodescendente. Em razão desta data, que merece não ser esquecida, nada mais justo do que destacar aqui Abdias Nascimento: o griot e as muralhas, biografia feita a quatro mãos, elaborada pelo poeta Éle Semog em coautoria com o biografado. Publicado em 2006, o livro destaca vários pontos da vida de Abdias, desde a infância até o período em que completa seus 90 anos. Ainda jovem, Éle ...

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