Com quantas conchas se faz um verso

                                                     Adriano Moura

Apanhar palavras no vento

É como ouvir os segredos do mar

Nas conchas dos caramujos,

São notas perdidas no tempo

A espera de composição.

Palavras cato no vento

Que não me lança contra rochedos em dias de fúria

Mas segredos....

Não há como os do mar!

Então eu ouço os segredos de um,

Colho palavras do outro

E conto para o mundo:

Eis minha infidelidade.

Queria aventurar-me a maiores turbulências

Mas sou poeta de horas vagas e concursos literários,

Subtraído pelos livros de ponto

E prestações de conta.

Deito a tranqüilidade das brisas

E guio o leme dos meus versos.

Vez em quando cato uma concha das grandes

E fico sentindo saudade do Ulisses que não fui.

O vento sabe da minha preferência pelo mar,

Por isso em dia de fúria

Varre todos os caramujos de minha margem.

                    (In: Liquidificador: poesia para vita mina).

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