Máximas de Luiz Gama

  

  • Todo escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata em legítima defesa. (Mendonça, 1881, apud Ferreira, p. 268).

  • A escravidão nasceu da moral religiosa e tem sido tolerada por todas as seitas. (O Polichinelo, n. 15, 1876, grifo do autor).

  • A humildade e a escravidão nasceram gêmeas e foram certamente educadas pelo Catolicismo. (Ibid., n. 38, 1876).

  • A escravidão é uma espécie de lepra social: tem sido muitas vezes abolida pelos legisladores e restaurada pela educação sob aspectos diversos. (Ibid., n. 38, 1876).

  • Nas pugnas sangrentas são heróis os que vencem e os que morrem: escravos são todos os que se deixam vencer. (Ibid., n. 33, 1876).

  • A diversidade de cores, nos homens, foi uma necessidade criada pela natureza para distingui-los, quando todos se achavam confundidos pela infâmia. (Ibid., n. 15, 1876).

  • Os brancos que tanto orgulho têm da sua cor devem lembrar-se que as pérolas mais finas são produzidas na lama. (Ibid., n. 22, 1876).

  • A honra é uma excelente recomendação para os que quiserem morrer de fome nas sociedades poluídas. (Ibid., n. 17, 1876).

  • O amor seria o divino apanágio do coração humano se, como o precioso diamante, não estivesse sujeito às cotações do mercado. (Ibid., n. 16, 1876).

  • O livro é o mais útil e sincero amigo do homem bom. (Ibid., n. 20, 1876).

  • Onde o poder é conquistado pela astúcia, o governo compõe-se de aventureiros, os preceitos da moral são as ambições, a felicidade pauta-se pela riqueza, a principal virtude é a hipocrisia, a política é uma indústria, o direito a lisonja, as leis são verbas eventuais de orçamentos, e a liberdade uma quimera. Há, porém, duas entidades felizes: os senhores que tudo podem e os bons servos que tudo alcançam. (Ibid., n. 23, 1876, grifos do autor).

  • A política é um oceano revolto sobre o qual os traficantes navegam de boia à cinta. (Ibid., n. 31, 1876).

  • O domínio dos déspotas tem sua força na ignorância e no servilismo dos povos: por isso a liberdade e a instrução constituem seu pesadelo perpétuo. (Ibid., n. 30, 1876).

  • Loucos – é o epíteto com que os súditos felizes designam os democratas intransigentes. (Ibid., n. 37, 1876).

  • A democracia é como o tempo: não pode existir sem as suas tempestades. (Ibid., n. 37, 1876).

 

(In: FERREIRA, Lígia Fonseca (Org.). Com a palavra Luiz Gama. São Paulo: Imprensa Oficial, 2011, p. 290-298).

 

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