Minha Preta

                                     Akins Kintê

Ela pra viver veste muzimba
e nos olhos pra sorrir colhe samba
quando ama teu sussurro é kalimba
e contradiz com dizeres de malamba 

Imponente rainha de cabinda
direciona minha vida se eu zanzo
tua mão e teu sexo me brinda
acalenta, me protege contra banzo 

O coração bebe d'água de cacimba
tem um olhar profundo de quimbanda
cobre o coração de curimba
sara e alivia minha demanda 

Eu me flagro em teu padrão xibimba
ela vem lado a lado quando cambo
um sol a se pôr e bem-vinda
a mulher mais moça do mocambo

Seu andar dá balanço à minha timba
sua saia roda o caxambu
ritmo, seu beijo é marimba
dando certeza ao meu odu 

Tem uma paz que me livra de madimba
é a lua no céu de Luanda
mulher Peul, Sussu ou Himba?
Ela puxa, ela canta na ciranda 

Alvejado de fracasso, me blinda
se chove em minh’alma meu ilê
desabo em tristeza, ela guinda
quando seca meu sonho meu Aiyê 

Ela é ancestral quando cachimba
na pior tem plano e muamba
vem comigo no bang e na guimba
ela é bela, é sabia e bamba 

Inquieta papo de catimba
dada como povo de santo
ama com certeza que tarimba
ela e eu, eu com ela sem quebranto 

Inicia onde tudo se finda
é a minha mais doce treta
no certo ou incerto é linda
minha amada minha amiga minha preta

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LIVROS E LIVROS

Ficção

Jorge Dikamba - Memorial
Jorge Dikamba está de volta à prosa de ficção, atividade que entrelaça com seus cantares recolhidos tanto na vasta memória musical mineira, quanto sorvidos da imaginação e arduamente trabalhados pelo poeta-cantor-instrumentista. Veio rico em enredos marcados pelo inusitado da condição humana e temperados com humor e poesia, a ficção surge em paralelo à presença do autor no universo da música de raiz – que vem do sertão longínquo no espaço e no tempo e se contrapõe ao sertanejo de asfalto, fabricado sob encomenda. Ficção que tem início ...

Poesia

Jorge Amancio - O leopardo que mata moscas inoportunas
Numa tentativa de generalizar as ideias de Charles Darwin (1809-1882) para a economia e a sociologia, Herbert Spencer (1820-1903) cunhou a expressão “survival of the fittest” (sobrevivência dos mais aptos), que se tornou o lema do darwinismo social. Nunca houve muita base científica para esse movimento, mais bem descrito como uma ideologia que buscava legitimar diferenças sociais e raciais. Nos últimos anos, porém, vêm ganhando corpo hipóteses que afirmam o exato oposto do darwinismo social — e elas parecem estar calcadas em ...

Ensaio

Leda Maria Martins – Afrografias da memória
Assim, nos congados, cada situação e momento rituais exigem propriedade da linguagem, expressa nos cantares: há cantos para saudar, cumprimentar, invocar, cantos para atravessar portas e encruzilhadas, e muitos outros. Em cada situação, o capitão deve saber o canto adequado para aquele lugar e momento, pois o sentido da palavra e seu poder de atuação dependem, em muito, da propriedade da execução. Ele deve saber o que cantar, em que circunstâncias se produz a eficácia do canto, a vibração ...

Infantojuvenil

Inaldete Pinheiro- Baoba de Ipojuca
O trabalho de Inaldete Pinheiro enquanto participante ativa de ações em prol da igualdade racial e do respeito às diferenças é claramente notado em seus livros. Pesquisadora e militante, a escritora tem se dedicado ao resgate da multifacetada herança africana presente em nossa formação. Sua obra vem contribuindo para a constituição de uma bibliografia voltada para o ensino da História e das culturas africana e afro-brasileira, notadamente em suas manifestações pernambucanas e nordesti...

Memória

Júlio Ludemir (Org.) - Carolinas: a nova geração de escritoras negras brasileirasCarolina, Carolinas, e um futuro que se abre Fernanda Rodrigues de Miranda* Carolina Maria de Jesus é um signo. Uma mulher preta insubmissa. Altaneira. Um caminho luminoso que se abriu na mata fechada. Uma clareira. Uma revolução. Sabe dela quem sabe das bifurcações de cada gesto, quem sabe dos desafios de si, quem colhe vento de mudança porque antes lutou pelas mudas de ousadia. Carolina é uma estrada. Sua grande marca na literatura é aquela que sinaliza a nossa cor, a nossa cara, a nossa resistência, a nossa herança. De tudo que ela nos deixou, ficou principalmente o sim, eu escrevo.  “– ...

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