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Textos publicados nas lâminas – bloco IV

Passional

Jussara Santos

Sinto que preciso
rondar a casa,
vasculhar armários,
gavetas,

cheirar as camisas,
encontrar,
pegar a arma,
abrir o livro,
deixar cair o bilhete
lido pela manhã.

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Corpus I

Jussara Santos

Lábio da lua
Lambuza lábio
Do lobo,
Todos os uivos (e
nenhum),
Cilada em cio
Seu meu seio.

O tísico coração do avô
Pulsa pó de minério de ferro
Presente de Minas
Minas de reis
Que não
Salomão

O tísico coração da avó
(re) cria histórias
com sobriedade de mestre Griot

Por aqui
Nessas luas e luandas
A preta mina(s) em mim
Recusa a pátria que não lhe pariu.

Mr. and Miss ouvem vitrola no jardim.

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Júlio César

sinto a fome de mundos,
o ausente da casa de todos os tempos
e aquela voz que dizia que tudo ia passar,
que não sentiria mais medo.
essa voz se perdeu

e ainda que,
passos perdidos,
as ruas estreitas do lugarespaço,
a primeira imagem,
o resplendor dos olhos em sol,
abria o céu
e o que caía não cabia nos cestos
e tínhamos tanta fome
de universosparalelos
e de palavras-vida,
mas era tudo o não.

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Júlio César

E por que sentia ódio em cada silêncio
Por que decidiu apenas não dizer,
Fiz morrer-me

E depois dos tempos das palavras sem tempo
quis matar-me.
não havia tempo.

tentou ser homem ante o fogo,
quis dançar,
quis sofrer,
quis calar o que não diz

furor imenso para as gotas de álcool
e ainda sim, nada podia parar a distância.

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Bruno Brum

essa impressão
de que nunca acaba
essa impressão
de que nunca chega
essa impressão
de que nunca enche
essa impressão
de que nunca fica
essa impressão
de que nunca cabe
essa impressão
de que nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca
nunca

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Bruno Brum

como disse o filósofo... ou seria o poeta?
o filólogo, o análogo?
está na boca do povo
está na boca de deus
mas como eu ia dizendo
assim estava escrito
quem disse isso foi um anônimo
um reles heterônimo
alguém que passava e notou
o que agora repito
sem tirar nem por
são as palavras de um profeta
que mácula alguma deleta
foi o que ouvi dizer
com todas as letras
com todos os pontos
são as palavras de um junkie tibetano
de um bárbaro tonto
com todos os números
de um longo interurbano
foi o que disse o pateta... ou seria um engano?

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Bruno Brum

Rabelais não leu Mishima.
Kafka não leu Drummond.
Flaubert não leu Bukowski.
Sólon não leu Petrônio.
Heródoto não leu Huidobro.
Racine não leu Augusto dos Anjos.
Victor Hugo não leu Kerouac.
Safo não leu Camões.
Luciano não leu Rimbaud.
Baudelaire não leu Freud.
Apuleio não leu Lautreámont.
Homero não leu Bashô.
Pessoa não leu Rosa.
Machado de Assis não leu Adorno.
Pound não leu Torquato.
Parmênides não leu Dante.
Oswald não leu Leminski.
Shakespeare não leu Maiakóvski.
Ts´ao Ts´ao não leu Peirce.
Odorico Mendes não leu Haroldo.
Cruz e Souza não leu Burroughs.
Gregório de Mattos não leu Verlaine.

A vida é assim mesmo.

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7 vidas

Lenise

cole
a
boca
ao
meu
poema
e
retenha
na
lí­ngua
a
superfície
áspera
dessa
palavra
sem polimento
sem
teflon
com
arestas
nas
nesgas
sempre
pronta
a
escalar
muros
e

cair de costas.

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Hiato

Lenise

Feitura de intervalo
buraco de tiro
de vagina
de olho com sol
de dor que trespassa.
que aparta
que estica.
ontem desfeitos os castelos areia nos olhos,
salmoura n'água.
casca dura
subcutânea cicatriz impressa
em gramatura 120

preto marrom branco

delicadamente cuspidos

nos preâmbulos dos lugares de sempre aqui.

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over dose
Lenise
agora se mostra em lugares
de pernas e gozos
entre o liso
e a aspereza do toque.
projeta-se em espelhos
nas proteções de tela.
desnuda-se do caroço
em alta resolução
eu.
onde não se lê.
incrustado em linhas

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Amor é um fogo que arde sem se ver

Luís Vaz de Camões

Amor é um fogo que arde sem ser ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

Ilustrações de alunos de Escola de Belas Artes da UFMG

Gustave Doré Tatiana Tameirão Julius Alessandra Threvenard Cesária