DADOS BIOGRÁFICOS

José Carlos do Patrocínio - pseudônimos: Prudhome, Notus Ferrão, Justino Monteiro, Pax Vobis, Pombos Correios - nasceu em Campos-RJ, a 8 de outubro de 1854. Era mestiço, filho de Justina Maria do Espírito Santo, quitandeira e escrava liberta e do cônego José Carlos Monteiro. Ainda muito jovem, foi mandado para o Rio de Janeiro, onde estudou Humanidades e formou-se no curso de farmácia. Como profissional da saúde, trabalhou no Hospital de Misericórdia, porém não exerceu a profissão por muito tempo. Passou quase toda a vida em árdua atividade literária, principalmente como romancista e jornalista, tendo sido também orador na campanha em prol da abolição da escravatura, onde ocupou sempre lugar de destaque entre as figuras de Joaquim Nabuco, Joaquim Serra, Quintino Bocaiúva e Rui Barbosa. Por isso, recebeu o epíteto “O Tigre da Abolição”.

Lançou-se no jornalismo em 1877, quando entrou para a Gazeta de Notícias, como redator, tendo a seu cargo a coluna "Semana Parlamentar", que assinava com o pseudônimo Prudhome. Dois anos depois iniciou nesse periódico a campanha pela Abolição, juntamente com outros jornalistas, tais como: Ferreira de Meneses, na Gazeta da Tarde; Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Ubaldino do Amaral, Teodoro Sampaio, Paula Nei, todos da Associação Central Emancipadora.

Em 1881, foi feito diretor da Gazeta da Tarde e aí se manteve durante seis anos, até fundar o jornal A Cidade do Rio, que dirigiu durante algum tempo. Depois de proclamada a República, a publicação do periódico foi interditada e seu diretor preso e desterrado. Foi vereador e ferrenho anti-republicano, chegando a exilar-se no estado do Amazonas. Nos últimos anos de vida, José do Patrocínio viveu quase ignorado, colaborando esporadicamente nos jornais O País e A Notícia.

Os seus romances mais conhecidos são: Os retirantes (1879) e Pedro Espanhol (1884). Escreveu Motta Coqueiro, romance antiescravocrata que transita entre dois extremos: o estereótipo do escravo demônio, atribuído a um carrasco negro, e do escravo fiel, sem poupar-lhe, no entanto, a descrição de suas feições animalizadas, sua feiura e seu caráter bestial. Segundo Brookshaw (1983, p.35), José do Patrocínio, como outros escritores abolicionistas, “representa os escravos como uma combinação de culpa e inocência; culpa porque contaminam seus senhores com sua imoralidade, e inocência porque a causa de sua imoralidade é a escravidão”.

José do Patrocínio foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a Cadeira n.º 21, cujo patrono é Joaquim Serra. Faleceu no Rio de Janeiro em 29 de janeiro de 1905, deixando inacabado o romance Dendén e a tradução de Guerra e paz, de Tolstoi.

 


PUBLICAÇÕES

Obra individual

Os ferrões. [S.l.]: [s.n.], 1875. (10 números)

Mota Coqueiro ou A pena de morte. Publicado em folhetins na Gazeta de Notícias em 1877. Mota Coqueiro ou A pena de morte. Rio de Janeiro: Domingos de Magalhães Editor, [s.d.]. (romance)

Os retirantes. Rio de Janeiro: S.C.P., 1879. (romance)

Manifesto da confederação abolicionista. [S.l.]:[s.n.], 1883.

Pedro Espanhol. Rio de Janeiro: Typografia da Gazeta da Tarde, 1884. (romance)

Tradução

As meninas Godin. Original de Maurice Ordomneaux. (comédia em três atos). Encenada no Teatro Recreio Dramático, em 1898.

Antologias

Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 1, Precursores. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

 


TEXTOS

 


CRÍTICA

 


FONTES DE CONSULTA

 ALVES, Uelinton Farias. José do Patrocínio: a imorredoura cor do bronze. Rio de Janeiro: Garamond/Biblioteca Nacional, 2009.

BRINCHES, Victor. Dicionário bibliográfico luso-brasileiro. Ed. Fundo de Cultura, 1965.

BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Trad. Marta Kirst. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.

BRUZZI, Nilo. José do Patrocínio: romancista. Rio de Janeiro: Aurora, 1959.

CARVALHO, José Murilo de. Introdução. In: PATROCÍNIO, José do. Campanha abolicionista: coletânea de artigos. Rio de Janeiro. Fundação Biblioteca Nacional; Dep. Nacional do Livro. 1996.

CONFORTO, Marília. O escravo de papel: o cotidiano da escravidão na literatura do século XIX. In LOPES, Cícero Galeno (Org.). Textos e personagens: estudos de literatura brasileira. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1995. p. 13-33.

Enciclopédia de literatura brasileira. Direção de A. Coutinho e J. Galante de Sousa. 2 ed. rev., ampl., il., sob coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. p. 1224.

GOMES, Heloísa Toller. O negro e o romantismo brasileiro. São Paulo. Atual. 1988.

GUIMARÃES, João. Patrocínio, o abolicionista. 2 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1967.

MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo. A vida turbulenta de José do Patrocínio. Rio de Janeiro: Sabiá, 1969.

MACHADO, Humberto Fernandes. Palavras e brados: a imprensa abolicionista do Rio de Janeiro (1880-1888). São Paulo: Universidade de São Paulo 1991. (Tese de doutorado).

MARTINS, Leda Maria. A cena em sombras. São Paulo: Perspectiva, 1995.

OLIVEIRA, Eduardo (Org.). Quem é quem na negritude brasileira. São Paulo: Congresso Nacional Afro-brasileiro; Brasília: Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, 1998.

ORICO, Osvaldo. O tigre da abolição. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpico Editora, 1953.

PATROCINIO, José do. Campanha abolicionista: coletânea de artigos. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Departamento Nacional do Livro, 1996.

PEREIRA, Edimilson de. Panorama da literatura afro-brasileira. In: Callalloo. Vol. 18, nº 4. 1995, p. 1035-1040.

RABASSA, Gregory. O negro na ficção brasileira. Trad. Ana Maria Martins. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1965.

RIEDEL, Dirce Côrtes. Apêndice. In: PATROCÍNIO, José do. Motta Coqueiro ou a pena de morte. Rio de Janeiro. Francisco Alves. 1977. p. 263-278.

SANTIAGO, Silviano. Desvios da ficção. In: PATROCÍNIO, José do. Motta Coqueiro ou a pena de morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1977. p. 11-21.

SANTOS, Jussara. Intelectualidades negras ou outsiders no Brasil. Belo Horizonte: PUC-Minas, 2003. (Tese de doutorado).

SANTOS, Jussara. José do Patrocínio. In DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 1, Precursores. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

SKIDMORE, Thomas E. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1976.

 


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