A uma plateia que a recebeu calorosamente, a escritora disse que a homenagem ajuda a preencher um vazio que Minas deixou em seu coração quando se mudou para o Rio de Janeiro

 

 

Em cerimônia realizada no auditório da Reitoria, na noite da última segunda-feira, 29/09, a UFMG concedeu o título de Doutora Honoris Causa à escritora Conceição Evaristo, uma das autoras mais influentes do movimento pós-modernista brasileiro. O título é outorgado em reconhecimento a personalidades que prestaram relevantes contribuições para a ciência, a tecnologia ou a cultura. Conceição Evaristo é a terceira mulher, a primeira negra, a receber a honraria da Universidade.

Conceição Evaristo publicou poesias, romances e contos, e também atuou como professora e pesquisadora na área de literatura comparada. Em seu discurso, bastante emocionada, a autora disse ser muito grata a todos que leem e estudam as suas obras, pois, somente assim, ela se sente realizada "no espaço das vitórias cotidianas". Com a voz embargada, Evaristo afirmou que Minas Gerais é um estado que sempre a “amanhece”. Em tom poético, ela contou que a concessão do título pela UFMG preenche um vazio que Minas deixou em seu peito quando, de maneira que considera precoce, ela se mudou para o Rio de Janeiro para trabalhar.

Minas que dói, se recupera e amanhece
“Enquanto a cidade de Belo Horizonte mudava a sua geografia e o seu espaço, mais eu mineirava e fazia da saudade da cidade uma esperança que eu não sabia onde guardar. Sou herdeira de um sentimento que amargou e amarga uma profunda ausência de algo que já se teve. Apesar dessa Minas que dói, há muito de Minas e de minha casa que vai se recuperando, de uma casa jamais esquecida e que eu jamais imaginaria que poderia se tornar uma casa que amanheceria todos os dias", disse ela, em um dos vários momentos em que foi aplaudida pela plateia.

A autora seguiu fazendo um paralelo entre o ato de amanhecer e os momentos em que ela, por diversos motivos, se sentiu mais próxima de sua terra natal. Conceição citou como “manhãs” os momentos em que suas obras foram selecionadas para os vestibulares da UFMG e da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), a época em que atuou como professora substituta na Universidade e o dia em que foi eleita para a cadeira 40 da Academia Mineira de Letras. 

“Às vezes eu tenho a ideia de estar vivendo uma ficção, e a vida me fornece elementos para a ficção. Sou grata à vida, que tem me dado tanto. Escrever é um exercício de coragem, principalmente se a escrita passa pelas nossas experiências pessoais e pela apropriação da língua portuguesa. Ser reconhecida como escritora negra neste país tem um significado muito forte.”

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O narrativo transcende o biográfico
A iniciativa da homenagem à Conceição Evaristo partiu da Congregação da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG. A professora Sandra Gualberto Bianchet, diretora da Fale, lembrou que a autora é a segunda homenageada com o título no campo das Letras – o primeiro foi o escritor português José Saramago, que se tornou Doutor Honoris Causa da UFMG em 1999. 

Bianchet afirmou que a concessão do título a Evaristo se justifica por diversos motivos, entre os quais, a diretora destacou a atuação da escritora como professora universitária em instituições no Brasil e no exterior, o fato de ela ter atuado como professora substituta da Fale por dois semestres e o grande alcance internacional de sua obra. 

 

Para ler a matéria completa, acesse: ‘Escrever é exercício de coragem’, afirma Conceição Evaristo, Doutora Honoris Causa da UFMG

 

 

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