DADOS BIOGRÁFICOS

Fábio Oliveira Nascimento nasceu em Santo Amaro da Purificação-BA, mas cresceu e vive na capital baiana. Graduado em História pela Universidade Católica de Salvador, especializou-se em História Social do Negro no Brasil. É Mestre em Educação pela Universidade do Estado da Bahia e atua como professor na Rede Municipal de Ensino.

Menino da Beira-Mar da Ribeira e dos becos de São Caetano, é fundador do Centro Cultural Quilombo Cecília, espaço destinado à produção e difusão da cultura negra, hoje uma referência na cidade e no Estado. Pessoalmente, considera a capoeira e o candomblé como elementos relevantes em sua formação humana, social e cultural.

É Ogan de Xangô do Terreiro Vintém de Prata, e Calça-preta (aluno autorizado a ministrar aulas) do grupo de capoeira Semente do Jogo de Angola, do Mestre Jogo de Dentro. Exímio conhecedor da chamada “Cultura de Rua”, soma tais experiências à sua formação acadêmica, o que lhe permite ser um historiador focado nos dramas e vivências da população negra e pobre, sempre atento à cultura produzida nas margens do tecido social. Cumpre assim o papel de intelectual orgânico empenhado em aliar a ação à reflexão, o que lhe confere uma perspectiva crítica da realidade, ao mesmo tempo em que busca contribuir para a superação das barreiras interpostas aos excluídos rumo à aquisição da cidadania plena. Neste contexto situam-se seus artigos e ensaios sobre a capoeira e a organização social negra.

Desde cedo demonstrou interesse pela literatura que trata das ruas e por autores voltados para os espaços subalternos e marginais. Participante ativo dos saraus literários dedicados às falas da periferia, faz destes eventos um lugar para a exposição seus escritos e para a crítica ao descaso público em relação às expressões culturais populares.

Seu primeiro volume de contos, Salvador negro rancor (2011), está marcado pela presença de uma humanidade precária, que sobrevive de pequenas transgressões, quando não passa da malandragem ao crime. Algumas narrativas têm como cenário o centro histórico de Salvador, com seu Pelourinho – lugar de sacrifício de escravos no passado e das agruras dos excluídos no presente. Contudo, esse locus de tensão e antagonismos se expande e chega a outras metrópoles, como no comovente enredo dos moradores de rua que formam uma “família” em Belo Horizonte.

Em 2013, Mandingo lança seu segundo livro de contos – Morte e vida virgulina –, em que dialoga com a peça de João Cabral de Melo Neto mais como apropriação e reelaboração contemporânea de dramas e situações-limite, situando-os nas classes populares urbanas do século XXI, do que como paródia. E, então, (re-)surgem as crianças e jovens de um país fortemente marcado pela desigualdade social e econômica, no campo ou na cidade. Negros e pobres, vítimas de uma violência sistêmica incrustada no tecido social, passam, muitas vezes, de pacientes a agentes, a nos lembrar a cada instante que somos todos responsáveis. Tudo isto mesclado a cenas ora ternas e pungentes, ora cheias de humor, numa ficção que não abre mão da fantasia, embora percorra corajosamente as vielas de nossa realidade.

Em 2015, vem a lume seu terceiro livro de contos – Muito como um rei – em que retoma temas e procedimentos presentes em seus escritos anteriores. E de novo temos a “Cidade da Bahia” com seus becos e ruelas sempre distantes da Salvador folclórica e embalada para turistas. E de novo emergem os desvalidos da modernização excludente e opressiva, com destaque para crianças e jovens, que têm sido destaque desde seu primeiro trabalho como ficcionista. E de novo tem o leitor encenações muitas vezes cruas de um cotidiano quase sempre cruel para os de pele escura. Mas tudo isto sem perder a ternura que caracteriza essa revelação da literatura do século XXI.


PUBLICAÇÕES

Obra Individual

Salvador Negro Rancor. São Paulo; Salvador: Ciclo Contínuo; Arte Risco; Blacktude, 2011. (contos).

Morte e Vida Virgulina. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2013. (contos).

Muito como um rei. São Paulo: São Paulo: Ciclo Contínuo, 2015 (contos).

Antologia

Palmares: cultura afro-brasileira. Brasília: v. 10, n. 8, p. 74-77 nov. 2014.

Não Ficção

Música e capoeira: elementos para a compreensão da importância da musicalidade na Capoeira Angola. Disponível em:<http://weblog.liberatormagazine.com/2013/05/music-capoeira-elements-for.html#.UwJlfM4yiBl>  

 


TEXTOS

 


CRÍTICA

 


FONTES DE CONSULTA

OLIVEIRA, Sílvio Roberto dos Santos. A ginga na roda do jogo literário. In: AUGUSTO, Jorge (Org.). Contemporaneidades periféricas. Salvador: Editora Segundo Selo, 2018, p. 151-165.

PASCOAL, Jober. Por uma "Gramática da ira" e outras afrovivências: uma análise do conto "Morte e vida virgulina", de Fábio Mandingo. In: AUGUSTO, Jorge (Org.). Contemporaneidades periféricas. Salvador: Editora Segundo Selo, 2018, p. 335-352.

SILVA, Jamile Santos da; GONÇALVES, Luciana Sacramento Moreno. Cenas de infância e juventude na escrita de Fábio Mandingo. In: AUGUSTO, Jorge (Org.). Contemporaneidades periféricas. Salvador: Segundo Selo, 2018, p. 369-385.


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