Mesclando sensualidade e humor, obra de emérito da Fale trabalha a forma como celebração da alta literatura
No último sábado, 24, o professor emérito da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG Jacyntho Lins Brandão lançou o livro de contos "Ode à Errância" (Editora Patuá) na Academia Mineira de Letras (AML), em Belo Horizonte, instituição que ele preside desde o ano passado.
A obra reúne quatorze contos organizados em torno de um mote comum: a relação entre os erros, a errância, e Eros, a erótica. A rigor, o díptico estabelecido por essas duas ideias é mais que mote, a relação entre o erro e o prazer se realiza como um método de escrita digressiva. Trata-se do modo próprio de narrar e ficcionalizar encontrado pelo autor para produzir uma obra efetivamente singular, condizente com a sua estatura intelectual, em um período mais consolidado de sua carreira.
Ode à errância é o segundo livro que Jacyntho Brandão lança pela Patuá; em 2023, a editora publicou Harsíese, obra que venceu o Prêmio Literário Biblioteca Nacional daquele ano, na categoria poesia. Na obra, ele reúne o melhor de sua produção poética recente que, assim como o livro de agora, converge para o mote da memória e da necessidade de se dar vazão a ela. Tanto Ode à errância quanto Harsíese demarcam um movimento mais recente do escritor na direção de dar mais vazão à publicação da sua obra ficcional, na esteira de seu longo histórico de publicações focadas nos estudos literários e nas traduções de textos clássicos.
Helenista consagrado, o Prof. Jacyntho Brandão é autor de diversos ensaios teóricos sobre a literatura, como Antiga musa: Arqueologia da ficção (Relicário, 2015), e de várias traduções feitas de clássicos das línguas mais antigas, como o acádio. Um exemplo nessa seara é o best-seller Ele que o abismo viu: Epopeia de Gilgámesh (Autêntica, 2017), em que Jacyntho conta a versão mais canônica do mito de Gilgámesh, atribuída a Sin-léqi-unnínni (séc. XIII a.C.). Nesse campo das traduções, sua publicação mais recente é o poema babilônico Epopeia da criação, também conhecido como Enūma Eliš (Autêntica, 2022).
Sinopse
Ensina o dicionário: ‘errar’ é (1) ‘incorrer em erro, em engano’; (2) ‘deixar de acertar’ o alvo; (3) ‘andar sem rumo certo, vaguear, percorrer’; (4) ‘fazer ou pensar algo que resulta em culpa’. De tal multiplicidade de sentidos é que nasce essa “ode à errância”, pela qual desfilam personagens ao sabor do acaso, incertos sobre o que são e como agem, sem controle das decisões e de seus resultados. A própria escrita dos variados contos erra pelos vieses da língua, indo do clássico ao coloquial, com a consciência de que publicações supõem riscos, “por somarem meus erros aos do revisor, mais àqueles do demônio da tipografia, que se transmudou, agora, em corretor automático, normas de estilo da “Folha”, e o diabo a quatrocentos...” Enfim, são histórias (ou estórias) que, a seu modo, tiram proveito daquilo que Oswald de Andrade certa vez chamou “a contribuição milionária de todos os erros” (citação aliás errada e estampada em página errante).
Livro: Ode à errância
Autor: Jacyntho Lins Brandão
Editora: Patuá
R$ 60 / 268 páginas
(Fonte: Notícias UFMG)
Assessoria de Comunicação da FALE – 2024
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