Matheus José

 


É preciso saber vestir
o texto,
como tatuagem na própria
pele.
(SANTIAGO, 1988. p. 124).


a pele
de um negro
não é apenas
os dizeres de uma certidão de nascimento
lavrada em algum cartório de subúrbio.
(ACERVO ADÃO VENTURA,
Acervo de Escritores Mineiros/FALE/UFMG, s.d.).

 

É de se destacar o propósito do professor Silviano Santiago de ler, ou melhor, de analisar/pesquisar teoricamente a poética potente do Adão Ventura e de incluir, cirurgicamente, a crítica sobre o livro A cor da pele (1980) no volume de ensaios políticos-culturais do Vale quanto pesa (1982). Deste modo, no mesmo momento em que compõe o arcabouço teórico de hipóteses urgentes e necessárias apresentado durante seu percurso ensaístico, o crítico literário também reforça o conjunto de análises atenciosas condizentes com esta complexa obra do Adão Ventura, igualmente, urgente e necessária.

Neste pouco pacífico “entre-lugar” em que se encontra, Silviano Santiago faz do ensaio um abutre, no modo Adão Ventura, ou seja, com o estômago que encara os subprodutos da barbárie e metaboliza aquilo que a sociedade brasileira e a cultura brasileira ignoram e rejeitam.


O NEGRO-ESCRAVO
(uma versão
para o Século XX)


o negro-escravo
- e seus punhos ocos.
o negro-escravo
- e seus dentes cariados.
o negro-escravo
- e o seu dormir passivo.
o negro-escravo
- e o seu corpo servil.
(VENTURA, 1987).

Diante dos 25 poemas que integram o livro A cor da pele, publicado em 1980, organizado em 4 seções; “Das biografias”, “Da servidão e chumbo”, “Raízes” e “Livro último”, Silviano Santiago tateia os materiais consistentes e compatíveis com a sua reflexão teórica, que atrela, desde Glossário Derrida (1976) e Uma literatura nos trópicos (1978), os discursos literários aos impasses político-sociais, culturais e econômicos da sociedade brasileira, manejando, sempre, sua atenção com a alteridade, com o desvio e a diferença. No início do referido livro Vale quanto pesa (1982), em “Apesar de dependente, universal”, Silviano Santiago já reforça sua preocupação com o debate, disponibilizando algumas angulações atentas na medida em que o problema do negro, no Brasil, antes de ser a questão do silêncio é a da hierarquização de valores. Posto isto, o que a análise do crítico Silviano Santiago sobre o livro A cor da pele sugere enquanto discussão é a interrogação que motiva este presente ensaio, que, também, culmina por provocar atos de leitura mais cuidadosos sobre a poética do Adão Ventura. Os poemas desta obra apresentam o contra-discurso insólito e desassossegado paras as preocupações literárias e culturais do Silviano Santiago que, por sua vez, não perde de vista as complicações sócio-históricas e econômicas oriundas da experiência de dominação colonizadora com suas violências de exploração, de redução, de subalternização e de tensas ocupações ao corpo, a terra, a linguagem, a subjetividade e a identidade alheia.

 

FAÇA SOL OU FAÇA TEMPESTADE


faça sol ou faça tempestade,
meu corpo é fechado
por esta pele negra.
faça sol ou faça tempestade
meu corpo é cercado
por estes muros altos,
— currais
onde ainda se coagula
o sangue dos escravos.
faça sol
ou faça tempestade,
meu corpo é fechado
por esta pele negra.
(VENTURA, 1987).


Ao apontar, no início do ensaio, a poesia do Adão Ventura como sendo negra, porém, de uma outra categoria, o crítico literário nos sugere observar que os poemas do A cor da pele representam o texto-da-diferença que acaba por operar um descentramento dos padrões hegemônicos do pensamento cultural, racial, político, literário e erudito impostos no país. Propõe-se, portanto, a abordagem do texto-poético-diferente, escrito e oralizado por sujeitos diferentes e que instauram experiências leitoras outras na medida em que perturbam os discursos e os valores dominantes, cordiais e excludentes. Diante disto, Silviano é enfático quando salienta a poesia do Adão enquanto reflexão que “apela para a consciência crítica do leitor e para a revolta contra o estado passado e presente” (SANTIAGO, 1982, p. 121).

Conceber o livro A cor da pele enquanto lugar mesmo onde acontecem essas mobilizações do texto da diferença e do descentramento é poder discutir a situação em que se tem um discurso artístico, crítico, poeticamente registrado e compartilhado por um cidadão negro no Brasil de 1980, década que marcou o questionável centenário da Abolição da Escravatura. Isto, em primeira instância, já revela algo bastante potente e complicado considerando um país que conserva em suas estruturas o cancro do etnocentrismo e da estupidez, e que não suporta aquilo que se difere e sequer aceita aquilo que possa descentralizar seus valores, seus domínios e seus padrões.

O crítico Silviano Santiago, no referido ensaio, cita diretamente 7 poemas da obra do Adão Ventura, a saber: “Um”, “Negro Forro”, “Negro Escravo – versão para o século XX”, “Faça sol ou faça tempestade”, “Preto de alma branca: ligeiras conceituações”, “Algumas instruções de como levar um negro ao tronco” e “Para um negro”. Essa seleção parece coerente na medida em que reforça a perspectiva da diferença e do descentramento na poesia do Adão. Sobretudo, porque nestes poemas elencados as questões sócio-históricas, literárias e culturais no país estão, nesta ocasião, sendo observadas a partir da perspectiva, da inquietação e do ponto de vista crítico de um sujeito negro e poeta. Para alguns isto é bastante perturbador.

Ao depreender a poética do Adão Ventura como sendo legítima poesia e excelente poesia negra, mas de outra estirpe, que se difere, também, por “não encontramos referências concretas e precisas a elementos de cultos africanos ou afro-brasileiros” e “transcrições fonéticas um pouco ridículas do que seria o falar estropiado do negro”, Silviano Santiago (1982, p. 121) sacode a discussão acerca da manutenção do negro-tema (RAMOS, 1995), conservado, segundo o crítico, entre os estudiosos brancos, os poetas brancos, os folcloristas, os antropólogos, os modernistas, os românticos e que, sistematicamente, “visam a preservar, através de um discurso condescendente e piedoso, científico e reparador, os crimes e injustiças cometidos pelos próprios brancos contra os negros” (SANTIAGO, 1982, p. 122). Silviano Santiago, enquanto intelectual branco diante do texto negro, foi honesto e sincero ao expor esse empreendimento ignorante de redução espalhado na teoria, na crítica e na história da literatura brasileira.

Essa discussão sobre o negro-tema desdobra-se enquanto cultura estabelecida em diversas camadas da sociedade brasileira, evidenciando a recorrência de vestígios próprios do etnocentrismo em impor estilos, em reduzir a humanidade do outro, em estabelecer influências, fontes e em determinar estereótipos vocabulares e modelos equivocados de representação de caracteres sociais.

Sem descolar do poema, percebemos, ainda, que o ensaio do Silviano Santiago insinua a mobilização do topos do “negro-ação”/do “negro-vida”. Recorrendo ao comentário enfático de Jussara Santos (2010) em artigo, temos, “de um lado a literatura sobre o negro de outro a literatura do negro” (SANTOS, 2010, p.125). Suscita-se, então, o negro-linguagem, o negro-sujeito-consciente, o negro-sujeito-falante, o negro “confluência de corpo e pele” (SANTIAGO, 1982, p.123); o negro lugar e tempo de ação. Ação dificílima e arriscada, não somente pela questão que Silviano Santiago colocou e que se refere à perda do horizonte histórico, mas porque ser resiliente e resistente demanda do negro e da negra outras forças que somente a experiência cotidiana e brasileira da raça sabe elencar. Contudo enfatiza-se, através da postura lírica de Adão Ventura, uma poesia de
enunciação crua, com versos concisos e curtos que abarcam desenvoltura semântica, sintática e rítmica junto a imagens potentíssimas que comungam da negritude/da negrícia enquanto tomada de consciência em que “o elemento negro não é relíquia ou simples vocábulo” (SANTIAGO, 1982, p. 123). No Brasil assolado pelo mito da democracia racial, pelas peias da ideologia da cordialidade, pelas políticas paternais e pelos sentimentos humanitários enquanto modo de representação que encobre a trágica realidade vivida pelo negro no Brasil (GONZALEZ, 2020), a poesia escrita por um sujeito brasileiro e negro, como uma intrusão, um atrevimento, registra poeticamente e partilha de modo editorial independente um discurso outro; divergente, acre, consciente, que se difere e que polemiza/descentraliza o discurso da barbárie que o determina “para não-ser” (SANTIAGO, 1982, p. 124).

NEGRO FORRO


minha carta de alforria
não me deu fazendas,
nem dinheiro no banco,
nem bigodes retorcidos.
[...]
(VENTURA, 1987).

São os tensionamentos, as inconsistências, a dobradiça descentrada e descentralizadora, as desestabilizações dos moldes da literatura, da identidade, da política e dacidadania que interessam para as reflexões ensaísticas e poéticas dos autores Silviano Santiago e Adão Ventura, cada um com seu projeto, seu estilo e sua potência própria.

Ao comentar que na poesia negra e de outra estirpe do Adão Ventura o elemento negro é antes sujeito ou objeto de reflexão, Silviano Santiago motiva abordagens sobre essa energia do sujeito negro que fala, enuncia, argumenta, indaga, reflete, publica, significa, interpreta. Notabiliza-se a alta performance do poeta, sobretudo, no que os versos do A cor da pele demonstram de poeticidade ciente que exerce uma arte verbal e crítica. Ciente, também, de que se arrisca ao inserir-se no grupo daqueles que aplicam releituras de tópicos sensíveis e polêmicos, fazendo do verso o lugar mesmo de encarar a problemática.


PARA UM NEGRO
[...]
para um negro
a cor da pele
é uma faca
que atinge
muito mais em cheio
o coração.
(VENTURA, 1987).

Nesta obra de Adão Ventura, o negro não é mais reduzido ao tema, mas, também, indica uma negritude que recusa o simples ato de assunção. Isso porque a busca não é apenas questionar o racismo, o objetivo é destruí-lo. Segundo Silviano, o poeta vibra para que “o preto assuma a sua alma negra e vire o que é na pele, um negro, buscando assim uma identidade que escapa às pressões da sociedade cordial” (SANTIAGO, 1982, p. 124). A propósito, reitero que estas ações e estas buscas são dificílimas.


EU, PÁSSARO PRETO
eu,
pássaro-preto,
cicatrizo
queimaduras de ferro em brasa,
fecho corpo de escravo fugido
e
monto guarda
na porta dos quilombos.
(VENTURA, 1987).


O pesquisador Édimo de Almeida Pereira (2009), ao analisar os discursos hegemônicos de exclusão do negro no Brasil, observando as estratégias escravagistas e pós-abolicionistas de segregação, de apagamento e de desconstrução da identidade do sujeito negro acaba por referenciar a poesia do Adão Ventura como exemplo de resistência e de descentralização diante destes discursos que conservam em seu núcleo os estereótipos da redução, da dominação e da animalização do diferente. Essa movimentação reitera a análise do Silviano Santiago quando partilha que “a originalidade da poesia de Adão advém do sentimento da cor da pele” (SANTIAGO, 1982 p. 121), pois sugere focalizar a fala e a poética do sujeito-subúrbio, do negro linguagem e ação, do negro leitor, do negro autor, descendente da margem, que age, que enuncia mesmo consciente da situação de dominado, em apuros, caracterizado para não falar, não refletir, não sentir.

Outro movimento da poesia do Adão, atrevido, corajoso e que chacoalha discussões, e que Silviano Santiago soube detectar em seu ensaio político-cultural, refere-se a postura de encarar o aviltamento, ou seja, de enfrentar/de compreender o cenário arruinado e os corpos negros devastados com o dormir passivo, a pele chicoteada, seu cagar na saída, a pele cuspida, a alma branca, os culhões arrebentados, os dentes cariados, a voz falida, as mãos calejadas e os pés no chão (VENTURA, 1987). Adão expõe poeticamente para leitores brancos e negros o cru das condições e das situações do projeto de barbárie. No poema “Algumas instruções de como levar um negro ao tronco” a experiência ética e estética de recepção literária, em si, evoca uma experiência outra; mordaz e desestabilizante que expõe e ao mesmo tempo enfrenta a humilhação histórica e social.


[...]


levar um negro ao tronco
e cuspir-lhe na cara.
levar um negro ao tronco
e fazê-lo comer bosta.

[...]

(VENTURA, 1987).

Outra sugestão interessantíssima para discussão pode ser observada na atenção do Silviano Santiago sobre os versos embravecidos do poema “Preto de alma branca: ligeiras conceituações”.


[...]
o preto de alma branca
e o seu sangue de barata
cada vez mais distante
do corpo da Grande Mãe-Africa.
(VENTURA, 1987).


Nesse poema, extraordinário e terrível, como no poema “Meu Sonho”, Adão Ventura aponta as ameaças do projeto dominante ao tratar daqueles que não veem outro rumo além de aderir-se e assujeitar-se ao programa de embranquecimento. Explana, assim, o negro que “teve de incorporar os valores brancos, dados como positivos” (SANTIAGO, 1982, p. 124). Silviano conecta, novamente, os poemas de Adão às suas interpretações sociais, culturais e políticas que questionam o plano organizado e violento de compelir e alienar o corpo, a linguagem, a memória e a subjetividade do “outro”, desse “diferente”, desse “negro”, descaracterizando-o e incinerando sua história.


[...] as referências culturais são vagas e apagadas para o negro no Brasil, ao
contrário do que acreditam os nossos cientistas sociais, imbuídos da teoria do
mulato tropical [...] Tão vagas e apagadas são, que elas apenas servem para
constituir o preto de alma branca.” (SANTIAGO, 1982, p. 124).

Discutimos, então, ainda que brevemente, alguns apontamentos apresentados na análise pertinente de Silviano Santiago sobre a poesia do Adão Ventura, trazendo a novidade de pensá-la em sua originalidade e em seu procedimento. Poesia que se apresenta crítica, de alta performance, de alta voltagem conotativa e denotativa, e esticando a pele ao máximo até a poética e ao debate. Aspectos estes que, aliás, acompanham o poeta desde os experimentos de envergadura vanguardistas marcados em 1970 com Abrir-se um Abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul e, em 1975, com As musculaturas do arco do triunfo.

Cabe, ainda, citar a colocação sobre o poeta partilhada por Eduardo de Assis Duarte no volume 2 da Literatura e Afrodescendência no Brasil: “a poesia de Adão Ventura traz o impacto de um soco” (2014, p. 196) e que não utiliza o discurso condescendente ou a “ideologia de cordialidade com que muitos autores tratam o problema do negro (2014, p.96).

A pele expandida na poesia do Adão ao esticar-se semanticamente até a negrícia alberga, sobretudo, que “algo de mais profundo ainda permanece na cor da pele” (SANTIAGO, 1982, p.122), além da genética, do fenótipo e da melanina.

 

UM

em negro
teceram-me a pele.
enormes correntes
amarra-me ao tronco
de uma Nova África.


carrego comigo
a sombra de longos muros
tentando impedir
que meus pés
cheguem ao final
dos caminhos.


mas o meu sangue
está cada vez mais forte,
tão forte quanto às imensas pedras
que os meus avós carregaram
para edificar os palácios dos reis.
(VENTURA, 1987).

Os poemas do livro A cor da pele são inquietações de uma derme expandida, submetida a pressão, pele esticada até a voz, o curral, a corrente, o chicote, o porão, o muro, a senzala, e, também, até a pele-rebelião das mãos do pai no poema “Meu pai (I)”; que mesmo velhas e cansadas “ainda não estão/ tão trêmulas,/ ao ponto de errar o corpo/ de um Mr. Vorster.” 3 (VENTURA, 1987).

Atualmente o arquivo do poeta Adão Ventura encontra-se salvaguardado no Acervo dos Escritores Mineiros da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tanto sua biografia quanto sua bibliografia implicam análises teóricas atentas, como, por exemplo, as apresentadas no referido livro de ensaios políticos-culturais Vale quanto pesa (1982) e nas demais referências críticas citadas aqui.

A cor negra da pele é “uma sombra/ muitas vezes mais forte/ que um soco” (VENTURA, 1987) por isso a voz é crua e acre, reforçando ainda mais a convicção de que essa poesia é um artefato imprescindível.


Referências

 

CUNHA, Eneida Leal (Org.). Leituras críticas sobre Silviano Santiago. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Fundação Perseu Abrama, 2008.

DUARTE, Eduardo de Assis(Org.). Literatura e Afrodescendência no Brasil: antologia crítica, v. 4. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro:Zahar, 2020.

GUERREIRO RAMOS, Alberto. A redução sociológica. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1995.                                                                                                                   

PEREIRA, Édimo de Almeida. O discurso de exclusão do negro brasileiro. Scripta, Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 33-49, 2º sem. 2009.

SANTIAGO, Silviano. Crescendo durante guera numa província uma ultramarina. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

SANTIAGO, Silviano. Vale quanto pesa: ensaios sobre questões político-culturais.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

SANTOS, Jussara. A não cor do poema ou uma escrita acima de qualquer suspeita. Scripta, Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 33-49, 2º sem. 2009.

SILVIANO SANTIAGO, um mestre das letras. Suplemento Literário de Minas Gerais. Belo Horizonte, maio de 2017. (Edição especial. Secretaria de Estado de Cultura e Turismo).

VENTURA, Adão. A cor da pele. 4. ed. Belo Horizonte: Edição do autor, 1987.

VENTURA, Adão. Abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte: Edições Oficina, 1970.

VENTURA, Adão. As musculaturas do arco do triunfo. Belo Horizonte: Comunicação, 1975.

 


NOTAS

1 - Ensaio publicado na Hospedagem Vale quanto pesa, Blog da Biblioteca Virtual do Pensamento Social, 2023. Disponível em: https://blogbvps.com/2023/05/22/hospedagem-vale-quanto-pesa-a-cor-da-pele-textos-de-iuri-dantas-e-matheus-jose/


2 - Matheus José é discente do curso de Letras da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9509971532031185.


TEXTO PARA DOWNLOAD