DADOS BIOGRÁFICOS
Alzira dos Santos Rufino, nasceu em julho de 1949. Graduada em Enfermagem, sempre se colocava como “batalhadora incansável pelos direitos da mulher, sobretudo da mulher negra”. Empenhada em desenvolver um trabalho político de combate ao racismo, fundou, em 1986, o “Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista”. Durante anos foi coordenadora geral da Casa de Cultura da Mulher Negra, localizada em Santos/SP, organização não-governamental criada em 1990 e que, além de outras atividades de assistência jurídica e psicossocial à mulher negra, possui um programa de combate à violência doméstica e racial levado adiante pela escritora. Além disso, a Casa de Cultura Mulher Negra foi responsável pela publicação da revista semestral Eparrei, com editoria de Alzira Rufino. Além disso, foi responsável pela instituição do coral de crianças negras Omó Oyá e do Grupo de Dança Afro Ajaína.
Em entrevista concedida ao site Mulher, em julho de 2003, Alzira Rufino comenta os desafios impostos à mulher afrodescendente na ocupação dos espaços de decisão na sociedade, bem como no mercado de trabalho:
O movimento negro precisa ter um papel decisivo junto à população negra e à sociedade. As ONGs de mulheres negras têm também um papel importante de apontar direções, de articular as mudanças, exigindo a inclusão da mulher negra em todas as políticas de gênero e de raça em nosso país, resgatando a sua liderança, desde a chamada Abolição. Em relação à mulher negra, um dos grandes desafios deste início do terceiro milênio é colocá-la no poder, mostrando a cara nas mesas de decisão política e econômica. Se compararmos com os avanços das mulheres brancas, por exemplo, em áreas em que elas já são maioria (medicina, advocacia) nós constatamos quantas barreiras diferenciadas enfrentam as mulheres que têm a pele negra. Ao falarmos de avanços das mulheres, precisamos perguntar de que mulheres nós estamos falando. (<http://www.wmulher.com.br/template.asp?canal=mulheres&id_mater=1724>).
Poeta e contista com várias publicações em Cadernos negros, a autora recebeu prêmios em concursos de poesia de várias cidades brasileiras. Sua produção afina-se com a tendência da chamada “Geração Quilombhoje”, no sentido de uma literatura empenhada em promover a cultura afro-brasileira, a autoestima da população afrodescendente e o combate a todos os tipos de discriminação racial. Outro detalhe significativo é o ponto de vista adotado na escrita dos seus textos, o qual não ressalta apenas o olhar negro, mas o olhar negro e feminino.
A autora faleceu em 26 de abril de 2023, aos 73 anos.
PUBLICAÇÕES
Obras Individuais
Eu, mulher negra, resisto. Santos: edição da autora, 1988. (poesia).
Qual o quê. Local: Santos: edição da autora, 2006. (conto).
Muriquinho, piquininho. Santos: edição da autora, 1989. (infantil).
A mulata do sapato lilás. Santos: edição da autora, 2007. (romance).
Alzira Rufino uma ativista feminegra. Santos: edição da autora, 2008. (minicontos, crônicas, editoriais da revista Eparrei).
Bolsa poética. Santos: Demar, 2010. (poesia).
Antologias
Finally us. Contemporary Black Brazilian Women Writers Colorado: Three Continent Press, 1995. (antologia de poetisas negras brasileiras, editada por Mirian Alves e Carolyn R. Durham; edição bilíngüe português/inglês).
Cadernos Negros 19. São Paulo: Quilombjhoje; Ed. Anita, 1996.
Cadernos Negros 21. São Paulo: Quilombhoje; Ed. Anita, 1998.
Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. v. 2, Consolidação. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
Ensaio
A mulher negra tem história. Em coautoria com Nilza Iraci e Maria Rosa Pereira. Santos: edição da autora, 1987.
Articulando. Santos: edição da autora, 1987. (coletânea de artigos publicados em jornal).
Mulher negra, uma perspectiva histórica. Santos: edição da autora, 1987.
O poder muda de mãos, não de cor. Santos: edição da autora, 1996.
Violência contra a mulher – uma questão de saúde pública. Anais do II Encontro Nacional de Entidades Populares. Santos: Casa de Cultura da Mulher Negra, 1998 (organizadora).
O Livro da Saúde das Mulheres Negras. Organização de Jurema Werneck, Maisa Mendonça e Evelyn C. White. Pallas, 2000.
Violência contra a mulher – um novo olhar. Anais do Seminário “Violência Intrafamiliar, Mulher e Saúde”. Santos: Casa de Cultura da Mulher Negra, 2000 (organizadora).
Vocês não podem adiar mais os nossos sonhos... In: Revista Estudos Feministas. Florianópolis: CFH/CCE/UFSC, v. 10, nº 1, 2002. p. 215-218.
Configurações em preto e branco. In: Racismos contemporâneos. Organização de Ashoka e Takano. Rio de Janeiro: Takano Cidadania, 2003.
Editoração Eparrei Online - Mulher Negra Tem História n. I-II-III- no site <www.casadeculturadamulhernegra.org.br> - Publicação Trimestral da Cultura da Mulher Negra-Santos-SP- dez. 2010/mar. 2011/maio 2011.
Edição semestral da Revista Eparrei. Santos: Casa de Cultura da Mulher Negra (nov. 2001 a nov. 2010 - 16 edições).
Editoração Eletrônica: Nossa História através da mídia - Período de 1986 a 1993 - Edição Bimestral. De jul. 2010 a mar. 2011. Disponível em: <www.casadeculturadamulhernegra.org.br>.
TEXTOS
- Alzira dos Santos Rufino - RESISTO
- Alzira dos Santos Rufino - Levante
- Alzira dos Santos Rufino - APARTHEID
- Alzira dos Santos Rufino - BRASIL PALMARES
- Alzira dos Santos Rufino - Eu, mulher negra, resisto
- Alzira dos Santos Rufino - Ladainha
- Alzira dos Santos Rufino - não
- Alzira dos Santos Rufino - Textos selecionados
CRÍTICA
FONTES DE CONSULTA
Cadernos Negros 19. São Paulo: Quilombhoje: Ed. Anita, 1996.
Cadernos Negros 21. São Paulo: Quilombhoje: Ed. Anita, 1998.
DUKE, Dawn. Alzira Rufino’s Casa de Cultura da Mulher Negra as a form of female empowerment: a look at the dynamics of a Black Women’s organization in Brazil today. Tese – Department of Hispanic Languages and Literatures, University of Pittsburgh, USA, 2003.
Entrevista com a autora. Disponível em: <www.mulher.com.br>, 23 jul. 2003.
GONSALEZ, Lélia. Prefácio. Eu, mulher negra resisto. Santos: Edições da Autora, 1988 Poemas, Artigos e Dados Biográficos disponíveis em: <www.casadeculturadamulhernegra.org.br>.
<www.portalfeminista.org.br>
SCHMIDT, Simone Pereira. Alzira Rufino. In: DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. v. 2, Consolidação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
LINKS
- Facebook da autora
- Artigo "Uma trajetória de lutas em defesa das mulheres negras", Revista UEPG, por Karina Janz Woitowicz
- Artigo "Poesia feminina subalterna negra: uma voz de resistência", Revista Nau literária, por Taise Campos de Souza
- Nota biográfica, portal Mulher 500 anos atrás dos panos
- Vídeo institucional "Violência contra a mulher"
- TCC "Alzira Rufino e o Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista: nós, mulheres negras, resistimos", de Lorraine França, São Paulo, USP, 2022
- Artigo "O QUE É SER MULHER: ANÁLISE DE POEMAS DE ALZIRA RUFINO E AFUA COOPER", de Sérgio Luz e Souza, 2013
- Artigo "Eu, mulher negra, resisto: incidências identitárias na poesia de Alzira Rufino", de Ana Rosária Soares da Silva. Revista Eixo e a Roda, 2023.
- Homenagem de Iêda Vilas Boas: Alzira Rufino: “Se poder é bom, mullher negra quer poder”
- “Alzira Rufino, presente!”, depoimento pessoal de Lorrayne França, no portal “URSULA” sobre Alzira dos Santos Rufino