Iniciaremos com os tradutores alemães por razões históricas. O nome Cordisburgo,7 o burgo do coração, registra em mapa uma pequena cidade situada na mesorregião metropolitana de Minas Gerais que, desde a sua fundação, teve fortes marcas e influências da cultura alemã. Guimarães Rosa, em entrevista a Günter Lorenz, afirma:
– E este pequeno mundo do sertão, este mundo original e cheio de contrastes, é para mim o símbolo, diria mesmo o modelo de meu universo. Assim, o Cordisburgo germânico, fundado por alemães, é o coração do meu império suevo-latino. Creio que esta genealogia haverá de lhe agradar.8
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Minas é uma montanha, montanhas, o espaço erguido, a constante emergência, a verticalidade esconsa, o esforço estático; a suspensa região – que se escala. Atrás de muralhas, através de desfiladeiros – passa um passa dois, passa quatro, passa três... – por caminhos retorcidos, ela começa, como um desafio de serenidade. Aguarda-nos amparada, dada em neblinas, coroada de frimas, aspada de epítetos: Alterosas, Estado montanhês, Estado Mediterrâneo, Centro, Chave da Abóbada, Suíça brasileira, Coração do Brasil, Capitania do Ouro, a Heróica Província, Formosa Província.9
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Mas havendo forte vínculo do escritor cordisburguense com a língua alemã, primeiramente, e, em seguida, com as demais línguas, buscamos materializar essa vocação do romancista com a realização de um primeiro evento de tradução, iniciando, durante o evento, a empreitada de ensino de língua alemã para a população local.
7 Hoje (dados de 2014), o município tem uma população de aproximadamente 8.900 habitantes; área de 823,70 km2 e densidade demográfica de 10,90/Km2.
8 GUIMARÃES ROSA, J. Ficção completa (Diálogo com Guimarães Rosa e Günter Lorenz), vol. 1, p. XXXV. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 2009.
9 GUIMARÃES ROSA, J. Ficção completa, vol. 2, p. 1133. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 2009.
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