– Ai! Ui! Vó! – reclamava a menina.

–Que é isso, Betina? Estou penteando com tanto cuidado! Seguro cada montinho de cabelo bem perto da raiz e ainda uso um pente de madeira com dentes grossos. Então, deixa de manha! – ralhou a avó.

– Eu sei, vó! Mas, mesmo assim, dói! Ainda bem que, depois do penteado pronto, eu me sinto bem! – disse a menina, com cara de levada.

– Oh, minha querida! Apesar de saber que não tem jeito de evitar uns puxõezinhos a vovó penteia o seu cabelo com muito carinho – a avó falava devagarzinho... devargazinho... parecia música.

O dia de fazer penteado novo era especial. A avó tirava as tranças ou o coque antigos, lavava o cabelo da neta, passava creme para desembaraçar, desembaraçava, lavava de novo e secava com a toalha. Nessa última etapa, o cabelo já não tinha mais creme. Uma dica: o segredo para um bom trançado é deixar o cabelo bem limpinho e sem creme. Evita caspa e facilita o manusear dos fios.

Depois de todas essas etapas, avó sentava-se em um banquinho, colocava uma almofada para Betina sentar-se no chão, jogava uma toalha sobre os ombros da menina, dividia o cabelo em mechas e ia desembaraçando, penteando e trançando uma a uma, com uma rapidez incrível.

Enquanto trançava, avó e neta conversavam, cantavam e contavam histórias. Era tanta falação, tanta gargalhada que o tempo voava! E, no final, o resultado era um conjunto de tranças tão artisticamente realizadas que mais parecia uma renda.

(Betina, p. 6)