Alessandra Martins

Orgulho Negro

Tenho orgulho de mim,

deixei de ser prego,

agora sou marreta,

pois já senti o que é ser

rejeitada,

cuspida, negada, maltratada,

somente por ser preta.

Tenho orgulho da minha pele,

da minha carapinha,

do afro que uso, dos meus

traços marcantes,

minhas origens espetaculares,

dos colares, turbantes.

Tenho orgulho dos

guerreiros, dos sábios,

rainhas e reis verdadeiros,

das minhas tranças,

das crenças,

das danças, comidas

e extravagâncias.

Tenho orgulho da minha raça,

da luta do meu povo,

da liberdade conquistada,

da briga pela igualdade,

da insistência, resistência.

Do ontem lembrado

com tristeza, mas com orgulho.

Resistiram e chegaram

vivos ao cais.

Tenho orgulho da esperança,

força e coragem

que tiveram

meus ancestrais.

(In: Voa, Sankofa, voa)