Cena 06
Terminado o número musical, Antônio e André continuam arrumando as malas brancas, e vão ajeitando peças de roupa também brancas dentro das mesmas.
ANTÔNIO – Então é isso, André! Já que é pra irmos pra África... África, aqui vou eu!
ANDRÉ – Isso, Antônio, vamos voltar sim. Quem sabe a gente se dá bem lá! Você pode virar um diplomata africano.
ANTÔNIO – Africano? Não. Acho que a nossa cidadania continuará sendo brasileira.
ANDRÉ – Ah, não! Estou sendo despejado desse país e ainda vou ficar com a nacionalidade brasileira? Injusto! Isso eu não quero. O único título que levo daqui é o de flamenguista. Serei um africano flamenguista. Isso é certo.
ANTÔNIO – É! Você pode acompanhar os jogos pela internet.
ANDRÉ – (triste) É.
ANTÔNIO – Que foi? Perdeu o ânimo?
ANDRÉ – É que eu me lembrei da Astrid.
ANTÔNIO – De quem?
ANDRÉ – Astrid.
ANTÔNIO – Ah, tá. (pausa) Como é que vocês vão ficar?
ANDRÉ – Não vamos ficar.
ANTÔNIO – Claro... Ela não vai enfrentar a África por sua causa. Ela vai preferir ficar aqui no Brasil.
(Namíbia, não!, p. 60-61.)