Banzo

 

carrego em meu lombo

várias máculas onomásticas.

 

sou Zé, filho de Edward

um desterro sem quilombo

e sobre o nome

a Cruz.

 

sou nenhum

mulato negro índio

sou ninguém

tingido d’água salgada vindo.

 

mesmo depois de liberto

com os sapatos a luzir

um ilhéu

que o destino não quis

soteropolitano.

 

um grapiúna no sul-

maravilha

quase impecável

sem marcas

cicatrizes

não ungido

sem excesso de melanina.

 

algo assim próximo à matéria

alva que se quer tingir o mundo

visão última, clarão

dos que erraram o alvo

não tiveram sorte

e encontraram súbito

a própria morte

 

(Sambaqui, 2009)