Ilê Iyê
Casa da Memória
Ⅰ
O nada
era tudo
Todos nadavam
No tudo do nada
Em lugar algum
meditava Olorum
da sua imagem
o padrão das semelhanças
na criação.
Vazio
Surdo
Cego
Mudo
Era o mundo
O vácuo
gesta ano luz
de espera
de esfera
TERRA.
Ⅱ
São mares
São terras
São cósmicos
São Damião
Doum e Alabá
Oduduwa e Obatalá.
Ⅲ
Amassando nas formas
O hálito hábil
fizeram as vidas
de Yemanjá e Àganjú
de Yemanjá e Àganjú
entre laços
entrelaçam o sutil
penetra o denso
fizeram a vida de Orugan
Epílogo
Casa da Memória
De Orugan
na alvorada erótica
dos desejos da cabeça feita
O TRONCO ERETO
O MEMBRO AMANTE
MATERNO AMOR INCESTO
De Yemanjá
dilatam mais seis
arrebenta bentas gotas de mel
DO VENTRE
RIO
PLACENTA
Cordões de conta
E umbilicais
NASCEM OS ORIXÁS
(Quilombo de palavras, p. 33-34)
Trecho “Suíte a Olobalàse”, Quilombo de palavras
Houve um tempo em que a música era o
SILÊNCIO
Houve um tempo em que o nada era
TUDO
Houve um tempo em que tudo nadava no
NADA
Houve um tempo em que nada era pois
NÃO ERA TEMPO³