Ilê Iyê

 

Casa da Memória

 

 

O nada

era tudo

Todos nadavam

No tudo do nada

Em lugar algum

meditava Olorum

da sua imagem

o padrão das semelhanças

na criação.

 

Vazio

Surdo

Cego

Mudo

Era o mundo

O vácuo

gesta ano luz

de espera

de esfera

TERRA.

 

 

São mares

São terras

São cósmicos

São Damião

Doum e Alabá

Oduduwa e Obatalá.

 

 

Amassando nas formas

O hálito hábil

fizeram as vidas

de Yemanjá e Àganjú

 

de Yemanjá e Àganjú

entre laços

entrelaçam o sutil

penetra o denso

fizeram a vida de Orugan

 

Epílogo

 

Casa da Memória

 

De Orugan

na alvorada erótica

dos desejos da cabeça feita

O TRONCO ERETO

O MEMBRO AMANTE

MATERNO AMOR INCESTO

 

De Yemanjá

dilatam mais seis

arrebenta bentas gotas de mel

DO VENTRE

RIO

PLACENTA

Cordões de conta

E umbilicais

NASCEM OS ORIXÁS

(Quilombo de palavras, p. 33-34)

 

Trecho “Suíte a Olobalàse”, Quilombo de palavras

 

Houve um tempo em que a música era o

SILÊNCIO

Houve um tempo em que o nada era

TUDO

Houve um tempo em que tudo nadava no

NADA

Houve um tempo em que nada era pois

NÃO ERA TEMPO³