Preta Solo
Menina preta do cabelo armado
Chorava de dia e de noite também
Os seus colegas zombavam de ti
A tua cor não agradava ninguém.
Segura de si, tomou a decisão,
Armou o cabelo com o turbante
Olhou no espelho, estima elevada!
Sentiu-se chique e bem animada!
Então foi crescendo olhando a vida
Seus olhos se abriram para ver o amor
Formosa mocinha, e a paixão que tinha
Já se misturava com tristeza e dor.
Tornou-se mulher, aboliu as rejeições
Em seu dia a dia enfrentou o revés
O errado, o certo, veio a maturidade;
A barriga, a filha e amor de verdade.
E na escalada buscou um parceiro,
Para levar a carga, com toda a bagagem
Não achou amor e nem sensibilidade
Assim, preta solo, seguiu sua viagem.
(Cadernos Negros 45, p. 34)