banco de textosvidalivroshome
Literatura - Prosa e Verso > Poemas em latim

CANÇÃO DE PEDRO SARNEELCARMEN IN PETRUM SARNELIUM

 

 

Onde estão os líricos
miosótis que olhavam
da franja dos célios
com a maior doçura? 

Onde aqueles passos
que já levitavam
roçagando musgos
sobre a terra dura? 

Onde os repousantes
ombros que desciam
para os mais humildes
numa curvatura? 

Onde as mãos que oravam
postas dia e noite
por amor do Amor
com toda mesura? 

Onde se acha a estampa
de Jesus Menino
com cabelos brancos
a verter candura? 

Um tesouro em flor
para outros diademas
encerrado dentro
de uma tumba escura? 

Não. Aqui presente
à aura transparente
da Montanha Viva
o seu ser perdura: 

na extensão de anil
para além do tempo
numa rosa a abrir-se
com a graça mais pura; 

nos regatos que entre
as abruptas rochas
e o arvoredo choram –
mas sem amargura.

(Henriqueta Lisboa)

Ubi nunc sunt illae
gratae myosotides
quae cilii sub umbra
dulce intuebantur?

Ubi et illi gradus
leviter euntes
permulcendo muscum
duram super terram?

Ubi quoque placidi
umeri quì proni
ad humiliores
se tendebant faciles?

Ubi manus tensae
dies atque noctes
et amore Amoris
alte reverentes?

Ubi effigies illa
Pueri lesu imago
quae si cana caput
plena erat candoris?

Hunc thesaurum floreum
pro coronis aliis
secum ut haberet
sepulcralis tumulus?

Nunquam certe. Hic praesens
lucida sub aura
qua Mons Vivus flat
vivet et manebit:

in campo caeruleo
temporum post limen
quasi rosa nitens
puriore gratia;

et in rivis, inter
praecipites rupes
aut arbores, flentibus
sed nullo maerore.

BH. 12.5.1964.
(J. Lourenço de Oliveira)

 

Copyright © 2004 by Alaíde Lisboa de Oliveira.

Informações e imagens podem ser copiadas para uso educacional,
sem finalidades comerciais, desde que citada a fonte. Para outros usos,
entre em contato:
joselourencooliveira@terra.com.br.