DADOS BIOGRÁFICOS
Teodoro Fernandes Sampaio nasceu em 7 de janeiro de 1855, em Santo Amaro, Bahia. Era filho da escrava Domingas da Paixão do Carmo e, possivelmente, do Padre Manuel Fernandes Sampaio, que se tornou o responsável por sua educação. Inicia seus estudos ainda nesta cidade, mas se muda para São Paulo no ano de 1865 e, em seguida, para o Rio de Janeiro. Já no Rio, matricula-se no Colégio São Salvador e, após concluídos os estudos secundários, ingressa no curso de Engenharia do Colégio Central. Ao mesmo tempo em que realiza seus estudos, torna-se professor no Colégio São Salvador, lecionando Matemática, Filosofia, História, Geografia e Latim. Nesse mesmo período, foi contratado para o ofício de desenhista do Museu Nacional. No ano de 1878, forma-se no curso de Engenharia e retorna para a sua cidade natal para rever seus familiares. Já no ano 1879, compra a carta de alforria de seu irmão Martinho; em 1883, a do seu irmão Ezequiel e, em 1885, enfim, a do seu irmão Matias. Sobre a paternidade de Sampaio, não há um consenso se ele seria filho do Padre Manuel Fernandes Sampaio ou de um senhor de engenho proprietário de sua mãe. Por essa razão, ele teria nascido livre, diferentemente dos seus irmãos.
Dentre as muitas atividades exercidas por Sampaio, consagrou-se como um dos grandes pensadores brasileiros, tanto para os estudos da engenharia, da geografia, da arquitetura, quanto para os estudos antropológicos e sociológicos.
Dono de extensa bibliografia sobre essas áreas, importante destacar os trabalhos sofisticados sobre os saberes dos povos indígenas, como se observa, por exemplo, em O tupi na geografia nacional, publicado, primeiramente, em 1901, pela Tipografia da Casa Eclética. Outra destacada contribuição do autor foram os trabalhos sobre os rios brasileiros e sítios arqueológicos e suas pinturas rupestres. Integrou a expedição do geólogo Orville Derby (naturalizado brasileiro), ao vale do rio São Francisco. Também auxiliou o escritor Euclides da Cunha, do qual era amigo, com os seus conhecimentos sobre o sertão, principalmente para a criação de Os sertões. José Carlos Santana (2009) sinaliza que:
Os trabalhos de Teodoro Sampaio provavelmente oferecidos a Euclides da Cunha incluíram o artigo “A respeito dos caracteres geológicos do território compreendido entre as cidades de Alagoinhas e a de Juazeiro pelo trajeto da linha férrea em construção”, publicado na Revista de Engenharia, em 1884, com comentários de Orville Derby; e as “Notas sobre a geologia compreendida entre o rio São Francisco e a Serra Geral (do Espinhaço) nas imediações da cidade do Juazeiro”, escritas por solicitação de Orville Derby em 1884, além do então inédito mapa intitulado “Trecho da Carta da Bahia”, que inclui informações sobre o sertão de Canudos. (SANTANA, Jornal Unesp, 2009).
Em conformidade com Santana (2009), as informações fornecidas por Sampaio a Euclides da Cunha encontram-se, principalmente, em o Rio São Francisco e Chapada Diamantina (1938), além de estarem presentes em outros trabalhos do autor.
Em 1894, é um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; em 1898, integrou o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que presidiu em 1922. Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1902. No ano de 1912, foi presidente do V Congresso Brasileiro de Geografia. A rua Theodoro Sampaio, localizada em Pinheiros, na cidade de São Paulo, é uma homenagem a Teodoro Fernandes Sampaio, devido às suas inúmeras contribuições para a cidade. Há também o município homônimo do Estado de São Paulo e outro na Bahia, ambos em tributo a ele.
Theodoro Sampaio faleceu em 11 de outubro de 1937, aos 82 anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro, deixando um legado intelectual incomparável para a geografia, geologia, antropologia, historiografia, engenharia e arquitetura brasileiras.
PUBLICAÇÕES
Livros
São Paulo no tempo de Anchieta. São Paulo: S/I, S/D.
Voos da mocidade por Theodoro Fernandes Sampaio. Rio de Janeiro. 1873. (manuscrito)
Arquitetura: Primeira Parte Estética. Rio de Janeiro. 1875. (manuscrito).
Desenhos e Descrições. Instituto Geográfico de Histórico da Bahia. 1879/80 (manuscrito).
Desenhos n. 2. Instituto Geográfico de Histórico da Bahia. 1879/80 (manuscrito).
Diário a Comissão Hidráulica: Rio São Francisco: de 20 março a 31 de agosto 1879.
Notas sobre os estudos para o melhoramento do Porto de Santos pela Comissão Hidráulica. Instituto Geográfico de Histórico da Bahia. 1879 (manuscrito).
Notas de viagem, de Carinhanha até São Felix. Instituto Geográfico de Histórico da Bahia, 1880 (manuscrito).
O tupi na geografia nacional. São Paulo: Typ. da Casa Eclectica, 1901.
Atlas dos Estados Unidos do Brasil. Salvador: Ed. Proprietários Reis, 1908.
Os kraôs do Rio Preto no Estado da Bahia. Rio de Janeiro: Revista do IHGB, 1912.
Dicionário, Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil. Rio de Janeiro: IHGB, 1922.
O rio São Francisco: Trechos de um diário de viajem. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro São Paulo: 1936.
O rio São Francisco e a Chapada Diamantina. Bahia: Progresso, 1938.
História da Fundação da Cidade do Salvador (póstumo). Salvador: Tipografia Beneditina, 1949.
Os Naturalistas Viajantes dos Séculos XVIII e XIX e a Etnografia Indígena. Salvador: Livraria Progresso Editora, 1955.
O Tupi na Geografia Nacional. Brasiliana Eletrônica (1987). Disponível via: http://www.brasiliana.com.br/obras/o-tupi-na-geografia-nacional.
O tupi na geografia nacional. São Paulo/Brasília: Ed. Nacional/Instituto Nacional do Livro, 1987.
O rio São Francisco e a Chapada Diamantina. Salvador: Imprensa Gráfica da Bahia: 1998.
O rio São Francisco e a Chapada Diamantina. Organização José Carlos Barreto de Santana, São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Artigos em jornais
A cidade do Salvador e sua primitiva nomenclatura urbana. Jornal de Notícias. Bahia, 1912.
Cidade do Salvador. Jornal de Notícias, Bahia, 1912.
Artefato indígena. A Tarde, Bahia, 1920.
A assistência ao operário. A Tarde, Bahia, 1920.
Ainda o colono. A Tarde, Bahia, 1920.
O menino operário. A Tarde, Bahia, 1920.
Melindroso problema. A Tarde, Bahia, 1921.
Pela arte. A Tarde. Bahia, 1922.
O povo que trabalha. A Tarde, Bahia, 1922.
Reminiscências. A Tarde, Bahia, 1924.
Artigos em revistas
Breve Notícia sobre os trabalhos da Comissão Hidráulica do Porto de Santos. In: Revista de Engenharia, 1879.
As cartas tupis dos Camarões. Rev. Inst. Arq. e Geo. Pernambuco, 1906.
A planta geral da cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos. In: Annaes do 5º Congresso Brasileiro de Geografia, v. I. Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, pp. 55-61, 1916a.
A carta-hydrografica da Bahia de Todos os Santos e de seus arredores. In: Annaes do 5º Congresso Brasileiro de Geografia, v. I. Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, pp. 101-115, 1916b.
Movimentos sísmicos na Bahia de Todos os Santos. In: Annaes do 5º Congresso Brasileiro de Geografia, v. I. Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, pp. 355-368, 1916c.
Do estudo e cadastro da força hydraulica dos rios brasileiros e da nacionalização de suas águas. In: Annaes do 5º Congresso Brasileiro de Geografia, v. I. Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, pp. 395-420, 1916d
Inscrições lapidades indígenas no Vale do Paraguassu. In: Annaes do 5º Congresso Brasileiro de Geografia, v. II. Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. pp. 6-32, 1918a.
Denominações geográficas indígenas em torno da Bahia de Todos os Santos. In: Annaes do 5º Congresso Brasileiro de Geografia, v. II. Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, pp. 143-158, 1918b.
Teodoro Sampaio. In: São Paulo no século XIX e outros ciclos históricos. SAMPAIO, Teodoro. Petrópolis: Editora Vozes, 1978.
A engenharia e a sua evolução no século da Independência da Bahia. Diário Oficial do Estado da Bahia. Salvador, 2 de Julho de 1923.
FONTES DE CONSULTA
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1883. 7 v.
CASA MUSEU AFRO (org.). Theodoro Sampaio: o sábio negro entre os brancos. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2010.
COSTA, Ivoneide de França. O rio São Francisco e a Chapada Diamantina nos desenhos de Teodoro Sampaio. Dissertação de mestrado. Universidade Federal da Bahia/Universidade Estadual de Feira de Santana, 2004.
COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v.
FREYRE, Gilberto. O Centenário de Theodoro Sampaio. In: Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, V. 79, 1955.
LIMA, Antonio do Rosário. Teodoro Sampaio: sua vida e sua obra. Dissertação. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 1981.
SANTOS, Ademir Pereira dos. Theodoro Sampaio: nos sertões e nas cidades. Rio de Janeiro: Versal, 2010.
SOUZA, Jaqueline Melo; SANTANA, José Carlos Barreto (2003). Theodoro Sampaio, o cientista e a questão racial. In: Anais do ANPUH – XXII Simpósio Nacional de História.
COSTA, Luiz Augusto Maia. O ideário urbano paulista na virada do século – o engenheiro Teodoro Sampaio. SP, Ed. Rima, 2003.
SÁ, Alcindo José de. Teodoro Sampaio: um precursor da criação simbólica do nordeste? Revista de Geografia (Recife) V. 35, No. 5, 2018.
SANTANA. José Carlos Barreto de. Euclides da Cunha e Teodoro Sampaio. Jornal Unesp, 2009. Disponível em: https://www.unesp.br/aci/jornal/249/opiniao.php.
TELLES, Pedro C da Silva. História da engenharia no Brasil. RJ: Clube de Engenharia, 2 vols, 1984.
JESUS, Marcus Henrique Oliveira de. Theodoro Sampaio e a geografia: esboço de uma história contextual de sua trajetória e produção técnico-científica. Revista GEOUERJ, 2019.
LINKS
As contribuições de Theodoro Sampaio ao país, de Salvador a São Paulo
Teodoro Sampaio, o equilíbrio e a elegância do sábio negro
Teodoro Sampaio, um homem a frente de seu tempo
Contribuições do engenheiro Teodoro Sampaio para o Brasil
Teodoro Sampaio no Portal Geledés
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Memórias de Theodoro Sampaio no 5º Congresso Brasileiro de Geografia