A Nandyala Editora define-se como “um novo conceito em publicações no universo de Língua Portuguesa”1. O termo “nandyala” significa “nascido em tempo de fome”, talvez afazendo jus ao momento de sua fundação, ávido pela difusão e conhecimento acerca de África e sua diáspora.  Segundo o site da editora, sua missão é “colaborar com o efetivo respeito às diferenças, para uma vivência social sustentável na diversidade como exigência imperiosa do século XXI”2. Sua linha editorial possui caráter político, mais especificamente por meio da luta contra o racismo e o sexismo, mediada pela leitura em favor do respeito à diversidade.

Fundada Belo Horizonte no início dos anos 2000 por Íris Amâncio e Rosa Margarida, a referida casa editorial publica escritores africanos, caribenhos e brasileiros, num mix de assuntos que contemplam: biografias, testemunhos, memórias, estudos sobre África (histórias, filosofias e sociedades), relações étnico-raciais, diáspora negra, relações de gênero, artes, performances, religiosidades, literatura infantil, literatura juvenil, literatura afro-brasileira, literaturas africanas, crítica literária, educação, materiais pedagógicos, sustentabilidade e qualidade de vida.

Dentre seus principais autores destacam-se: Conceição Evaristo, Mirian Alves, Lia Vieira, Maria Elisa Santana, Benjamin Abras, Cidinha da Silva, Anderson Feliciano, Sandra Barroso, Madu Costa, só para citarmos alguns nomes. Entre os escritores africanos, salientamos Vera Duarte, Paulina Chiziane e Manuel Rui. A sessão de crítica cultural também é bastante robusta. Nela, encontramos Aimé Césaire, Carlos Moore, Edimilson de Almeida Pereira, Erisvaldo Pereira dos Santos, Amauri Mendes, José Antonio Marçal, Rosa Margarida de Carvalho, Marcos Antônio Alexandre, Édimo de Almeida Pereira e Elzira Divina Perpetua, dentre outros.

A editora não recebe apoio de instituições de quaisquer ordens. As fontes financeiras advêm de seu próprio esforço comercial e de suas ações, como cursos de formação, palestras e consultorias. Para tal, entra em cena o Instituto Nandyala, fundado na Zona da Mata Mineira (Muriaé/MG), em 2011, e atualmente sediado em Belo Horizonte devido à ampliação do leque das suas atividades.

A Nandyala realiza ainda o projeto “Leitura em diferença”, por meio do qual promove a circulação de seu catálogo, com destaque para o texto literário. No âmbito desta ação, encontram-se as “Ocupações Afroliterárias”, momentos específicos de oferta ao público de obras de autoras e autores negros de elevada qualidade conceitual e estético-discursiva, mas que quase não circulam pelo grande mercado editorial. Ainda neste sentido, a Nandyala realiza, desde 2012, a Fliafro (Festa Afroliterária do Brasil). 

Trata-se, pois, de uma casa ou quilombo editorial3 comprometido não só com a publicação, mas com a mediação cultural no seu mais amplo sentido.


Notas

[1] http://nandyalalivros.com.br/missao, acesso em 19 de nov. 2017

[2] http://nandyalalivros.com.br/missao, acesso em 19 de nov. 2017

[3] OLIVEIRA, Luiz Henrique Silva de. Os quilombos editoriais como iniciativas independentes. Aletria: revista de estudos de literatura. Belo Horizonte: FALE/UFMG, v. 28, p. 155-170, 2018.