DADOS BIOGRÁFICOS

Bernardino da Costa Lopes, pseudônimos B. Lopes e Bruno Lopes, nasceu em 19 de janeiro de 1859, na cidade de Boa Esperança, Rio de Janeiro. Era filho de uma família bastante humilde. Começou a trabalhar muito cedo como caixeiro em sua cidade, enquanto frequentava os primeiros anos escolares. Transferiu-se para a capital do Estado onde fez concurso para o Correio Geral, iniciando, assim, sua carreira de funcionário público.

Segundo consta nas referências sobre a vida do autor, Bernardino Lopes, apesar de funcionário público, jamais foi um burocrata. Entregou-se à vida boêmia carioca e ao alcoolismo. Era conhecido pelo modo extravagante de se vestir e se portar na sociedade. Desafiava, a toda hora, as convenções sociais. Aos 36 anos abandonou a esposa e os filhos para viver a paixão que alimentava pela pernambucana Sinhá Flor, mulher que lhe serviu de inspiração para compor algumas de suas poesias.

Bernardino da Costa Lopes é conhecido como o precursor do Simbolismo no Brasil, ao lançar junto com Emiliano Perneta o “Manifesto Simbolista”, em 1890. A respeito do pioneirismo do autor, Andrade Muricy faz a seguinte observação: “esse extraordinário mulato, pachola e glorioso, foi no Simbolismo brasileiro uma espécie de alegre patriarca. Os nossos primeiros simbolistas receberam, de começo, a influência da sua poesia brilhante, cordial, pernóstica e maneirosa” (CAMARGO, 1987, p. 53).

Escreveu um poema em homenagem ao Marechal Hermes da Fonseca, no qual um dos versos dizia: “Bonito herói! Cheirosa criatura”, o que lhe causou muitas críticas e ofensas por parte da aristocracia brasileira. Uma delas, talvez a mais veemente, consta no discurso pronunciado por Rui Barbosa, no Senado, cujo título era “O Bodum das senzalas”, referindo-se ao poeta. Bodum, segundo o dicionário Aurélio, significa “fedor de bode não castrado. Transpiração fétida; catinga” (FERREIRA, 1993, p. 78).

O poeta chegou a ser internado no Hospício dos Alienados. O alcoolismo e a boemia foram responsáveis pelo seu esgotamento físico e mental, levando-o ao falecimento em 1916 no Rio de Janeiro.

Referências

CAMARGO, Oswaldo de. O negro escrito. São Paulo: Imprensa Oficial, 1987.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p. 78.

LOPES, Bernardino da Costa. Disponível em:<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia/poesia/index.cfmfuseaction=Detalhe&CD_Verbete=409>.

 


PUBLICAÇÕES

Cromos. Rio de Janeiro: Tipografia do Cruzeiro, 1881. (Poesia).

Pizzicatos. Rio de Janeiro: Tipografia Carioca, 1886. (Poesia).

D. Carmem. Rio de Janeiro: [s.n.], 1894. (Poesia).

Brazões. Rio de Janeiro: Fauchon, 1895. (Poesia).

Sinhá-flor: pela época dos crisântemos. Rio de Janeiro: Tipografia Luís Malafaia Jr., 1899. (Poesia).

Val de líricos. Rio de Janeiro: Laemmert, 1900. (Poesia).

Plumário. Rio de Janeiro: Tipografia Leuzinger, 1905. (Poesia).

Poesias completas. Prefácio de Andrade Murici. Rio de Janeiro: Z. Valverde, 1945. 4 vols.

Poesias completas. Rio de Janeiro: Agir, 1962. Coleção Nossos Clássicos, 63.

 


FONTES DE CONSULTA

Enciclopédia de literatura brasileira. Direção de A. Coutinho e J. Galante de Sousa. 2 ed. rev., ampl., il., sob coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. Vol II. p. 970.

CAMARGO, Oswaldo de. O negro escrito. São Paulo: Imprensa Oficial, 1987.

GRIECO, Agrippino. Evolução da poesia brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Livr. H. Antunes, 1932. p. 68.

LOPES, B. In: MURICY, Andrade (org.). Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1962. Coleção Nossos clássicos 63.

MENEZES, Emílio de. "B.Lopes". In: CAROLLO, Cassiana Lacerda (org.). Obra reunida. Apresesentação de Ivan Cavalcante Proença. Introdução de Josué Montello. Rio de Janeiro: J. Olympio; Curitiba: Secretaria da Cultura e do Esporte do Estado, 1980. p.185.

MURICY, Andrade. Panorama do movimento. p. 152-157. Coleção Literatura brasileira, n. 12.

RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. A renovação parnasiana na poesia. In: COUTINHO, Afrânio (org.). A literatura no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Sul Americana, 1969. v. 3., p. 83-134.

RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Poesia parnasiana: antologia. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1967. p. 128-136.

 


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