DADOS BIOGRÁFICOS
Arlindo José da Veiga Cabral dos Santos nasceu em Itu-SP, em 12 de fevereiro de 1902. Diplomou-se em Filosofia e Letras na Faculdade de São Paulo. Trabalhou como professor da PUC-SP, da Faculdade de Filosofia de Lorena e da Academia Brasileira de Ciências Sociais e Políticas. Atuou também como tradutor e jornalista. Foi membro do Instituto de Direito Social e sócio de honra do Círculo Sueco Luso-Brasileiro, em Estocolmo.
Jovem ainda, recebeu menção honrosa da Academia Brasileira de Letras, com os poemas de Amar... e amar depois. Em suas publicações dos anos 20, passa ao largo das turbulências estéticas protagonizadas pelos modernistas. Intelectual vinculado aos setores conservadores da Igreja Católica, entre 1929 e 1930, dirigiu a revista Pátria-Nova, órgão de perfil direitista. Além de ficção e poesia, publica também escritos religiosos e políticos. Nos anos 30, presidiu a Frente Negra Brasileira, em meio a polêmicas e contestações por parte de intelectuais negros progressistas como José Correira Leite. Escreveu inúmeros artigos para o jornal Voz da Raça, periódico da organização, entre outros. Intelectual prolífico, em 1944, organizou o volume A lírica de Luiz Gama, que repôs em circulação a obra de um dos fundadores da literatura afro-brasileira. De acordo com David Brookshaw, Arlindo Veiga dos Santos
pretendeu insinuar o orgulho racial onde antes existia a vergonha, como, por exemplo, quando apelava ao mulato para aceitar sua condição de negro e seu cabelo carapinha: 'mulato, para ser bom / precisa ser carapinha / ou é falsificação / mulato sem carapinha / vem a ser mulato manco: / não é negro..., não é branco!’ (BROOKSHAW, 1983, p. 174)
O jornalista e professor Arlindo Veiga dos Santos foi membro do Instituto de Direito Social da Academia Brasileira de Ciências Sociais e Políticas, da Sociedade Geográfica Brasileira e da Association de Poètes de Langue Française. Faleceu em São Paulo, em 1978.
Referências
BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Trad. Marta Kirst. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.
Enciclopédia de literatura brasileira. Direção de A. Coutinho e J. Galante de Sousa. 2 ed. rev., ampl., il., sob coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. Vol. II, p. 1448.
PUBLICAÇÕES
Obra individual
As filhas da cabana. (ou No fundo dos sertões). São Paulo: Salesiana, 1921. (romance)
As filhas da cabana. (ou No fundo dos sertões). Parte II. São Paulo: Salesiana, 1923. (romance)
Amar... e amar depois. São Paulo: Livraria A Campos, 1923. (poesia) (Menção Honrosa da Academia Brasileira de Letras).
O carnaval. São Paulo: Ed. do Autor, 1925.
Satanás. São Paulo: Ed. do Autor, 1932. (poesia)
Incenso da minha miséria: trailer literário. São Paulo: Edição do Autor, 1941.
O esperador de bondes. São Paulo: Atlântico, 1944.(novela).
Ecos do redentor. [S.l.]: [s.n], 1942.
História de um amor fingido. São Paulo: Ed. do Autor, s/d.
Não Ficção/Coautoria
Vária matéria. São Paulo: Pátria-Nova,1963.
De Nóbrega e outros patrícios. Separata da Revista da Universidade Católica de São Paulo, v.7, n.13, março de 1955.
Filosofia política de Santo Tomás de Aquino. 3 ed. Aão Paulo: Bushatoky, 1954.
As raízes históricas do patrianovismo. São Paulo: Edição do Autor, 1946.
A lírica de Luiz Gama. (Org.). São Paulo: Atlântico, 1944. (Organização)
Para a ordem nova. São Paulo: Ed. Pátria-Nova, 1933.
Contra a corrente. São Paulo: Pátria-Nova, 1931. (escritos políticos)
Idéias que marcham no silêncio. São Paulo: Pátria-Nova, s/d.
Sentimentos da fé e do império. São Paulo: Linográfica, s/d.
Compreensão de Farias Brito. São Paulo: PUC, s/d.
Evocando o passado. [S.l.]: [s.n], 1940. (Em parceria com A. Alves Ribeiro e José Marret.).
Traduções
O bálsamo das dores. São Paulo: Ed. Ave-Maria, 1926.
Da floresta a Paris. (original de Mariá de Fos). São Paulo: S/I, 1933.
Do governo dos príncipes e dos judeus. São Paulo: [s.n.], 1937.
O crepúsculo da civilização. São Paulo: [s.n.], 1940.
FONTES DE CONSULTA
ANDREWS, George Reid. Negros e brancos em São Paulo (1888-1988). Bauru: Edusc, 1998.
BARBOSA, Márcio. Frente Negra Brasileira – depoimentos. São Paulo: Quilombhoje,1998.
BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Trad. Marta Kirst. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.
DOMINGUES, Petrônio. Uma história não contada - Negro, racismo e branqueamento em São Paulo no pós-abolição. São Paulo: Ed. Senac, 2004.
Enciclopédia de literatura brasileira. Direção de A. Coutinho e J. Galante de Sousa. 2 ed. rev., ampl., il., sob coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. Vol. II, p. 1448.
FERRARA, Mirian Nicolau. A Imprensa Negra Paulista (1915-1963). São Paulo: Ed. FFLCHUSP, Coleção Antropologia, no.13, 1986.
MALATIAN, Teresa. O cavaleiro negro - Arlindo Veiga dos Santos e a Frente Negra Brasileira. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2015.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Retrato em branco e negro. Jornais, escravos e cidadãos em São Paulo no final do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
LINKS
- O "messias" negro? Arlindo Veiga dos Santos (1902-1978): "Viva a nova monarquia brasileira; Viva Dom Pedro III !" - por Petrônio Domingues
- O cavaleiro negro: Arlindo Veiga dos Santos e a Frente Negra Brasileira (1931-1934) - por Teresa Malatian