DADOS BIOGRÁFICOS 

Severo D’Acelino, pseudônimo de José Severo dos Santos, é sergipano de Aracaju, nascido em 03 de outubro de 1947. Na juventude, cursou licenciatura em História na Universidade Federal de Sergipe e Direção de Teatro na UFBA, ambos não concluídos. É poeta, contista, dramaturgo, compositor, pesquisador, conferencista, e também ator e coreógrafo. Participou da fundação do Movimento Negro contemporâneo em Sergipe (1968), Bahia (1973) e Alagoas (1980). É Ativista dos Direitos Civis, Militante do Movimento Negro e Fundador e Coordenador Geral da Casa de Cultura Afro Sergipana, antigo Grupo Regional de Folclore e Artes Cênicas Amadorista Castro Alves. Atuou como Conselheiro Estadual de Cultura de Sergipe. Participa do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e do Instituto Nacional de Tradições e Cultura Afro- Brasileira. 

Atuou como diretor nos espetáculos teatrais Navio Negreiro, Vozes D”África, De Como Revisar Um Marido Oscar, Terra Poeira In Cantus, Algemas Partidas, Save Our Sur, Dança dos Inkices D’Angola, Água de Oxalá, Iybó Iná Iyê e Suíte Nagô. Como Ator, em 1979 protagonizou no cinema o personagem “Galanga Gonguemba Iybiala Chana”, conhecido por Chico Rei, filme dirigido por Cacá Diegues. Atuou como “Candelário” em Espelho D’Água e como “Alfredão”, no seriado Tereza Baptista Cansada de Guerra. Produziu e dirigiu o documentário etnográfico Filhos de Obá, apresentado no Congresso Internacional de Culturas Negras das Américas, África e Caribe. Atuou na novela Velho Chico (2016), como o “Capitão Etóle”.

Como pesquisador, é autor de diversas monografias sobre a temática afro-indígena, com ênfase na cultura popular e religiosa sergipana. Editou o Jornal IdentidadeS, veículo de transformação e divulgação do conteúdo afro-sergipano.

Palestrante e conferencista, realizou diversos cursos, conferências e palestras em escolas, comunidades de terreiros, associações de moradores, faculdades, organizações militares e de segurança, comunidades remanescentes de antigos Quilombos, apresentado diversos projetos em seminários, conferências e congressos estaduais e internacionais. Além de oferecer aos legislativos municipais e estadual diversos projetos de interesse do coletivo afro-sergipano, no âmbito dos Direitos Humanos, Religião, Arquivo Humano e Educação.

Dentre as iniciativas mais importantes de Severo D’Acelino, destaca-se o Projeto Cultural de Educação “João Mulungu vai ás Escolas”, no qual difunde a importância do negro e sua contribuição na formação da Cultura Sergipana. Para tanto, produziu diversos Cadernos Pedagógicos sobre o tema e os Cadernos Diversidade Etno Históricos e Culturais dos Municípios, dando ênfase ao negro e ao índio, repensando a educação regionalizada, bem como o livro de Teste Metodologia da Educação Inclusiva.

Severo D’Acelino defende que o negro seja contemplado com uma releitura da educação, na qual a prática da metodologia inclusiva com conteúdo racial, seja implementada em todas as disciplinas, em respeito à relevância do negro e sua contribuição cultural à na sociedade sergipana, como instrumento para atenuar o apartheid e combater o racismo alimentado pelo Estado. Afirma que lutar contra as adversidades é uma tarefa de inteligência e precisa de múltiplas estratégias para sobreviver e passar por cima das retaliações e dos ciúmes pessoais e coletivos.

As atuações de Severo D’Acelino em defesa do negro sergipano, através do Teatro, das Tradições Populares, dos Direitos Humanos, da Cultura e da Educação, continuam. Segundo ele, é a Resistência Negra que pede passagem e busca aliados na revisitação ancestral e radicalização nas práticas democráticas, na desconstrução dos mitos e revitalização da Identidade Etno Histórica e Racial.

Como poeta, é autor de Panáfrica, África Iya N'La, de 2002, e de Queloide, publicado em 2019. De acordo com a pesquisadora Rosemere Ferreira da Silva,

A poética de Severo D’Acelino torna-se reflexo de uma temática que questiona um lugar de enunciação, onde afrodescendentes, no confronto com as desigualdades sociais, possam ser críticos de suas próprias ações. O primeiro poema de Panáfrica África Iyla N’la é “Rito de abertura, saudação a Exu”. O poeta escolhe iniciar com esse texto porque, de acordo com a tradição do candomblé no Brasil, o Orixá sempre convocado à abertura dos trabalhos é Exu. Metaforicamente, o Orixá tem a função de criar reflexões e, como mensageiro indicar o caminho que os textos poéticos podem percorrer na sua forma de abordagem da cultura afro-brasileira em Sergipe. (SILVA, 2011, p. 295).

(...)
O que segue sempre
Na frente e quem primeiro
 servido. Saravá
Leva meus rogos e preces
Ao meu Orixá. 
Minhas preces em cantos
E prantos do meu povo
Diasporizado, nesta revisitação
A memória ancestral
Para que nosso pranto e cantos
Sejam a partir de agora
Canções de regozijo pela revisitação
Do meu axé 
(...)                           
                  (D’Acelino, 2002, p. 74)

Em seu livro de estreia, D’Acelino aborda em diversos momentos a condição e, de modo mais amplo, o existir negro numa sociedade marcada pelo preconceito e pela exclusão da maioria afrodescendente. E toda a sua trajetória como artista múltiplo e engajado volta-se para o resgate desta contribuição à nossa constituição enquanto povo marcado pela diversidade cultural.

 

Fonte: 

Severo D’Acelino: Mapa Cultural de Aracaju. Disponível em: http://mapa.cultura.aracaju.se.gov.br/agente/28284/. Acesso em: 20 de jan. 2021.

PUBLICAÇÕES 

Obra individual 

Panáfrica, África Iya N'La. Aracaju: Casa de Cultura Afro-Sergipana, 2002. (poesia).

Queloide (Coleção Iya N’la #4). Aracaju: J. Andrade, 2018. (poesia).

Cânticos de contar contos: revisitação à ancestralidade afro-sergipana. Aracaju: MemoriAfro, 2019.

Não Ficção

Mariow: o terreiro de B’A Emiliana. Aracaju: Memoriafro, 2008. 

Opará Revisitado. Aracaju: J. Andrade, 2016. 

 

TEXTOS SELECIONADOS 

 

CRÍTICA

 

FONTES DE CONSULTA

DOMINGUES, P. Severo D’Acelino: Um Intelectual pan-africanista. In: Revista de Teoria da História, v. 22, n. 2, p. 79-100, 1 jan. 2020. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/teoria/article/view/60387

SILVA, Rosemere Ferreira da. Severo D’Acelino. In: DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 2, Consolidação.



LINKS

Severo D’Acelino – Mapa Cultural de Aracaju 

Severo D’Acelino receberá título de Doutor Honoris Causa da UFS

Severo D’Acelino e a produção textual afro – brasileira

Severo D’Acelino: Revisitação