Centelhas esvoaçadas
 
sou filho
que não engole o grito
enquanto é véspera
o meu grito não é choro
é sorriso no tempo preciso
não para no tempo
não passa com tapa
mas tem ardor multiplicado
meu grito
tá na consciência
na virulência contaminada
na alegria, na capoeira
ah, o meu grito!
escorre no eco interno
vai de tirolesa viajando nas mentes
de franca amizade
meu grito
entope coronárias
letras quatrocentonas
vai, meu grito
virar centenas
centelhas esvoaçadas
pousando
em páginas pólvoras
grito dos meus ancestrais
dos que virão atrás
vai, meu grito, vai 
           (Enquanto o tambor não chama, p. 54)