Poema para o não esquecer
"O passado escravista gravou no inconsciente coletivo a falsa convicção da inferioridade do negro.
Sua etnia continua sendo usada como justificativa de ignorância ou miséria. Esse preconceito que esconde a verdadeira causa da desigualdade, manifesta-se ainda hoje em expressões da linguagem comum nas comparações ou referências. Muitos negros, por sua vez, interiorizam um complexo de inferioridade em relação a sua condição e, por isso não assumem a negritude e tem como padrão ideal a situação do branco".
Companheiro perdido na noite
As trevas invadam teus olhos
E no peito rasguem como açoite
Se pôs de lado o cantar...
Uiva tua dor como um lobo
Distante da mãe primeira
Irmão tão próximo de mim...
Teu grito oculta-se nas noites
E desabrocha como espinhos
Entre as flores do dia...
Derrama suor pelos campos
Abre veredas esperançosas
Com suas mãos calejadas...
As trevas cobrem nossos caminhos
Apagam nossos sorrisos
Esperança, – sagrada esperança! –
Era tudo que podíamos ter
A natureza ensinou-me a caminhar...
Antes que a noite se faça
Canta teu canto guardado
Clama por liberdade
Porque a hora chegou.
(O Menestrel Estradeiro)