Em busca de novos horizontes 

A África, antes de ser invadida pelos predadores Europeus, era unida e orgulhosa de sua cultura e seus costumes. Esse povo africano foi arrancado e arrastado para diversos lugares do mundo e vendido como animais irracionais. Milhares de pessoas morreram nos combates e maus-tratos impostos pelos navegantes e mercadores.

Ainda hoje o sistema capitalista vive jogando uns contra outros para dificultar a sua integridade. Afirma a todo momento que o sonho de unidade é mera utopia. Tiraram-lhe o direito de uma família ou de viver em paz até mesmo com seus irmãos. A liberdade que esse povo precisa ainda tem que ser conquistada.

Essa gente foi arrancada de suas aldeias e levada para lugares estranhos onde sua cultura nada significava. Impuseram-lhe os costumes de um povo diferente. Foi proibido de ter suas crenças. Diziam que sua religião era bruxaria ou magia negra. Ainda hoje, após tanto tempo percebe-se que nada mudou, nada evoluiu. Parece que ainda vivemos no tempo das cavernas.

Algumas décadas atrás... no tempo da guerra do Vietnã o mundo sofreu uma influência muito grande. A juventude passou a usar roupas e cabelos no mesmo estilo dos militares. Quando o movimento "hippie" surgiu quebrou toda a estrutura conservadora da classe dominante, determinando os rumos do consumismo ou trazendo alternativas válidas. Os mesmos jovens que se trajavam como militares começaram a questionar seus pais e a ter um comportamento moderno. A partir daí passaram a sofrer todo tipo de repressão por serem cabeludos contestatórios e por pregarem a liberdade.

Com o negro ocorre da mesma forma. Ao passar pelas ruas, escolas, teatros e bares é surpreendido com gestos desdenhosos por caracterizar a sua origem nas roupas e nos cabelos. E sempre tem que engolir as piadinhas de mal gosto dessa sociedade retrógrada e falida que em nome de sua civilidade deveria aceitar essa exteriorização como um ato de preservação de sua autenticidade cultural.

Temos que parar por alguns instantes e dar um passeio dentro do nosso eu... talvez aí vamos perceber que somos a soma de todas as cores. Somos índios, amarelos negros e brancos. Como disse um amigo: - "Isso está claro nos traços. Se não, é no cabelo é na cor. Se não é na cor, é nos lábios ou nariz. O nosso País é um jardim. Muito mais bonito na medida em que tenha muitas variedades de flores. Que todas elas possam florescer livremente. Se tiver uma só cor ele se torna monótono. O Brasil é um jardim de várias etnias."

Nas escolas deixam escapar que ser negro é feio. Que ele é inferior e incapaz de raciocinar. Não falam abertamente, mas está emplícito nos gestos e ações. Por muitas vezes o negro depara-se com pessoas que invertem a condição: tratam-no de racista ou revoltado. Isso difere muito de ser consciente.

A consciência é o caminho da liberdade. Para se livrar desses grilhões que às vezes são impostos até mesmo pela família, é preciso desvencilhar-se de todos os preconceitos. Sejam eles raciais, psicológicos, religiosos ou sociais. Os elos que nos ligam são muito mais fortes. Se formarmos uma só corrente na busca da liberdade, será impossível barrar nossos caminhos. A partir daí poderemos abrir os braços para abraçar o Universo. Ver o sol nascer. Vamos poder parar e olhar o percurso das águas e na sua transparência ver brotar a essência do nosso ser.