o retorno

 

o preconceito racial vive abre

os olhos hiberna numa zona intermédia

entre o costume história como texto divino

hábito treta milenar e o reino da estupidez

congenial ao nascimento

sentimental intelectual da

alma sopro do macaco desnudo

depelado

 

mas a audácia o topete a afronta

afro do negro aquele um que responde

retruca em legítimo ataque

e de maneira sem papado na língua

sem travas na

e não engolindo mais a meia-idéia

de que para um limbo

tenha sido conduzido o racismo

 

um limbo murando-o

para que borrascas borra

de negrada não o reduzisse a pó branco

imêmore marmóreo

um limbo que servisse servindo

de abrigo ao racismo

para então alguma vez última-forma e meia-

volta re-tornar em visitação pública

farejando o ar revigorado de novas folhas

e disposto a não ver os negros espaços infinitos

onde coruscam ínfimas

estrelas