Oferenda

É certo:
ascendentes presenças não se distanciarão
                                                    nunca
um dedo além do meu ego.
E todo o ruído da ruas
nada mais é que um emergente sussurro
                                            quilombola.

Igual que as pancadas pluviais de verão,
é impossível prever, com segurança, quando
o banzo desabará sobre mim.
Mas sigo me desanuviando.

Em mim, sempre é verão
(âmago abrasivo transpirando, irriquieto,
toda sorte de desejos e lutas).

Os tambores que persistem nas noites
                                            dos tempos
não embalam simples recordações: -
há que se recriar paciente
nosso universo turvo.

Meus músculos estão todos prontos.
Se quiser, mulher, começamos já.
                    (A noite não pede licença, p. 32)