Mapas de asfalto

há tempos que o céu

das beiradas

acorda cinzento

 

as pedras ficam intactas

endurecendo vidas

pelas esquinas

 

 

a esperança passa

como ventania

pelas ladeiras

 

e o asfalto grita

denunciando

mentiras vencidas

 

são heranças de uma

cidade açoitada

em silêncio

 

nos mocambos de hoje

germina a resistência

do amanhã

 

em cada quintal

um traçado

autoestima se firma

 

no olhar da mulecada

vejo uma trilha

sedenta de história

 

é batuque,

rodeando as intenções,

cravando horizontes

 

grafitando nos

muros, poemas

da nossa virada

 

declamando ação,

sacudindo vozes

 

e na espreita das ruas

ecoam as rimas

num versar ritmado de redenção!

(Acorde um verso, p.22-23).