Havia miséria, houve quilombo
Era Rodésia
panela de opressão
humanidade escura escrava, escória
racismo raiz de lucros
brutal brancura pirateava tudo
plano para mil anos
No âmago da escuridão
alquimia
favelas podem ser quilombos
pretume intenso recupera a vida
coragem e coração
pés, mãos
metrancas, marretas
foices, picaretas
rodopia Rhodes*
o pirata-estátua no chão
raivas e risos recriam o mundo
Na praça do povo
o maldito pirata aos pedaços
Rodésia rodou
começa Zimbabwe-Nzambi
* Cecil Rhodes, herói nacional da Rodésia racista.
Poema inspirado pela leitura do livro ZENZELE, de J. Nozipo Maraire
(in: Cadernos Negros 23, p.70)