GRILHÕES
 
Somos negros,
e nossa voz era um lamento,
que subia aos céus
evolando-se de nossa alma,
e nossos olhos, também negros,
reluziam a nossa fé e nosso amor.
Nossos medos.
 
Somos negros,
e por este motivo fomos escravos,
arrancaram-nos de nossa pátria
e nos fizeram escravos
no novo mundo.
Transportaram-nos em escuros porões
Laceraram nosso corpo,
Violentaram nossa alma.
Cortaram nossa liberdade,
fizeram-nos cativos
e escravizaram-nos.
Fomos pegos a laço,
como animais. Forjaram grilhões
e acorrentaram-nos.
Fomos colocados em cárceres,
em prisões frias e fétidas,
por um único crime:
Ser negro.

 

      (Ave de Rapina. p. 57 )