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Brasil,
quero as bonecas negras
da minha irmã, da minha filha.
Rufar tambores
tum tum tum tum tum tum-tum
retinir martelos
tem tem tem tem tem tem-tem:
o ferro contra o ferro
na bigorna da oficina de ferreiro do
meu pai
o ferro contra o ferro
na bigorna da oficina de flandreira
da minha tia Aleluia
tem tem tem tem tam-tim-tem.
Quero as canções alegres e tristes
na língua dos meus Orixás.
Quero minha pele escura
o beiço de gamela
a bunda de sovela
a venta de fole
o cabelo pixaim
os dentes de marfim.
Quero o leite da minha mãe:
de quem o sinhozinho branco
sugou os seios.
Ah! foi ele que me roubou.
Ah! foi ele que me roubou.
Quero somente o que é meu
quero tudo, tudo mesmo.
(América Negra, p. 27-28)