EGO SUM
Ife. Nigeria, 1979.
Eu
quem do Nordeste veio
terra de amor e tradição.
Eu
quem da pobreza veio
nasceu humilde, morrerá assim.
Eu
que da Bahia vim,
terras nordestinas
de amor e tradição,
de bonitas meninas
enfeitadas de jasmim
colhidas em seculares jardins.
Eu
da terra da beleza,
riqueza,
pobreza,
até miséria.
Terra d'amor
e discriminação,
de maldade,
tristeza
e bondade.
Eu
que assim nasci
morrerei assim,
pois assim eu sou:
Senhor
dono dos meus atos,
cabeça rica em fatos.
Eu
negro.
Eu
de fato.
Eu
com injustiças
estupefato!
Eu
tentando ser eu mesmo
negro de fato.
Eu
parte dos grãos calcados aos pés
de brancos
(nas Américas, é um fato).
Eu
germem que morre banhando
a terra em suor e sangue
para que nasça uma.
Nova Era,
para que frutifique
a Nova Geração
forte e sadia.
Medre a Nova Civilização
– a do Homem Total.
Integral.
Eu
negro de fato.
Eu
um ser humano normal.
(Cantares d’África, p.39 – 40)