Sem algemas?

 

Dictinha, escute uma história

Muito nossa: antigamente

Não faz muito tempo ainda,

Foi escrava a negra gente;

Os mais pesados castigos

Lhe deram impunemente.

 

Mas um dia a realeza

De nossa sorte condoída,

Cujo crime consistia

Em ter pele enegrecida,

A liberdade nos deu;

Belo gesto, não, querida?

O que depois ocorrera,

É de ontem, por que falar?

Mas, eu ainda, Dictinha,

Preciso me libertar

Do penoso cativeiro,

Em que me trás seu olhar.

(Dictinha, 1938)

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