Negrinha
Li um conto de Lobato
Que muito me entristeceu...
Negrinha, remanescente
Da era triste em que viveu
A pátria amada, que nunca
Um carinho mereceu
Via com notada inveja,
A criançada que brincava,
E se lhe dava por troça
Um boneco, o segurava
Com certo medo, e com o espanto
Nos grandes olhos o olhava.
Esse conto tem um pouco
Do viver desventuroso
Meu. Deus é pai, porém, quando
Num abraço afetuso
Prendo a Dictinha, duvido,
Que seja tão generoso!...
(Dictinha, 1938)