Dictinha

 

Penso que talvez ignores,

Singela e meiga Dictinha,

Que desta localidade

És a mais bela pretinha:

Se não fosse profanar-te,

Chamar-te-ia... francesinha!

 

Então, quando vais à reza

Com teu vestido de cassa,

Não há mesmo quem não fale,

Orgulho da minha raça:

– Olha que preta bonita

E que andar cheio de graça!...

 

Se as vezes sorrio, a esmo,

Não me tomes por caduco.

Com teu vulto nos meus olhos,

Ando como aquele turco

Que, doloroso destino,

Ao te ver, ficou maluco...

 

Ah! Se souberas, Dictinha,

Que por sob essa aparente

Frieza, (quem tal diria!...)

Eu peço constantemente,

A Deus que um dia nos ponha

Numa casinha sem gente...

(Dictinha, 1938)

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