Vento forte-poesia
Hoje me falta o verso
como falta pão e farinha
Na mesa do meu irmão.
Meu estômago poético ronca
Dá nó a tripa da inspiração
Uns com tanto e outros sem saber como.
Vou gritar pelo velho Trindade
Quero alguma imaginação pra beber
Algo que aplaque esse miserê...
Poético sim... Por que não?
Ele sempre teve
Em cada caracol de sua carapinha
Um verso, uma ilusão espalhada:
Pelas barbas, nos cabelos do sovaco...
Até nos arames pubianos
É... até lá tinham versos pendurados
Me acode, Véio!
Agora e na hora de qualquer papel em branco
E depois, vai ser poeta assim na casa d’Osanlá
(Cadernos negros: os melhores poemas, p.92)