Caxinguelê
Não, eu não sei cantar o canto certo
Que me dizes ser correto
Pra somente te agradar
Eu sou o nó na tua linha
Sou aquele que caminha
Porque não sabe voar
Não me queiras diplomata
Pois sou eu quem desacata
O vento e a tempestade
Sou a lama da maré
O bloco do vai quem quer
Pelas ruas da cidade
Na pauta sou sub-ton
Pra uns sou ruim, pra outros bom
Dos meios sou a metade
Mas não sei cantar teu canto
Retilíneo e bem vestido
Que entra no céu sem bater
Sou porta de trás do inferno
O novo sem ser moderno
Os olhos do venha ver.
(Caxinguelê, p. 65)