Escravo Isidoro
Foi no mês de junho de 1809
que Isidoro entrou preso no Tejuco.
Era triste espetáculo.
Vinha amarrado em um cavalo,
cercado de pedestres,
todo ensopado de sangue.
Joaquim Felício dos Santos
Memórias do Distrito Diamantino.
Quebraram-lhe os ossos
pisaram-lhe a carne.
Rasgaram-lhe os olhos
os lábios se uniram
em selo e sinal
arfando silêncio.
Fritz Teixeira de Salles
Dianice Diamantina.
É noite,
Isidoro destramela
a porta da senzala
lua clara,
riscos de nuvens cobrem o pico do Itambé.
Isidoro
sai pé ante pé
dispara.
Ele sabe dos fios das conversas,
da arenga na boca das catas,
ele sabe onde esconder o ouro
e camuflar o fisco.
O diamante é um sonho
que escorrega pelas mãos.
A rebelião está armada
meias palavras
portas fechadas.
Isidoro é chamado,
a chibata come.
Seu corpo é arrastado
pelas ruas do Tejuco.
(Texturaafro, p.12-13.)