Todas as vozes

Todas as vozes que eu escuto
Andam presas nos guetos
Às vezes dançam entre os ventos
Como palavras invertebradas
Às vezes adormecem
Como punho cerrados
E amanhecem
Cirurgicamente recompostas
Às vezes escapam como trovões
Relâmpagos negros
Às vezes são como esperanças
Livres ecos que no céu rugem
Num vôo de aves assustadas e feras enfurecidas
Depois produzem o negro fogo da consciência
Ode o imortal e o indizível
Renascem no fim da tempestade

(Todas as vozes, p. 40.)

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