Encruzilhada em três pontas
Natalino Silva
Há apenas o corpo que caminha entre névoas de seus próprios pensamentos
Esses pensamentos foram implantados como chips, vírus de computador em sua psique
Tudo se altera e ele se desconhece
Até o momento em que no espelho não se encontra, não se vê
O tempo escorre como lama. Uma voz o chama, ele não entende
É em Yorubá que falam
Ele nunca foi educado em sua língua ancestral
Quando se esforça o choro vem
As lágrimas lavam seus olhos, ouve-se um estouro que arromba seus tímpanos
Agora, ele vê e ouve, e ouve e vê
Entende! A voz o chama por um nome que ele não conhece
Porém, traz alento e tudo se ilumina
Nasce ao som do berimbau e dos atabaques
Uma encruzilhada em três pont’atos
(inédito)